Oracle e BEA – estratégias futuras

Passados alguns meses da aquisição da BEA Systems pela Oracle, começam a ser definidas as primeiras estratégias concretas para o futuro das linhas de produtos e tecnologias servidoras baseadas em Java EE, as famílias BEA WebLogic e AquaLogic e a pilha Oracle Fusion Middleware.

O anúncio da aquisição ocorreu em 16 de janeiro deste ano, mas o processo de aquisição só foi efetivamente completado em 29 de abril, quando ocorreu a aprovação pela Comissão Européia.

No post Blogging the Oracle Fusion Middleware Strategy Webcast, em 1º de julho no OTN TechBlog, Justin Kestelyn apresentou um resumo da apresentação do Presidente da Oracle Charles Phillips no Webcast sobre Oracle e BEA.

Para começar, todos os produtos BEA vão continuar sendo suportados sob os mesmos prazos divulgados pela BEA anteriormente à aquisição, e não haverá uma política de migração forçada. Esta abordagem é similar à dos ERPs Apps Unlimited one, que segundo Charles resultou em uma taxa de renovação/permanência de 96% daqueles produtos. O suporte existente para Fusion Middleware será estendido por mais um ano.

Alguns produtos são “Estratégicos” e serão imediatamente incorporados à pilha Fusion Middleware, como o conteiner JEE líder de mercado BEA WebLogic Server (OC4J vai continuar também, por enquanto). Alguns são “Continuar e Convergir”, que terão algum redesenho com gradual integração à pilha; deve ser o caso de TopLink/JPA, Coherence, SCA e outras tecnologias. E outros são produtos identificados pela própria BEA anteriormente à aquisição como “Manutenção” e terão suporte mantido por pelo menos quatro anos.

Mais alguns pontos resumidos por Justin Kestelyn (tradução livre):

O direcionamento técnico é para continuar modularizando o Servidor de Aplicação de acordo com o modelo OSGi (ver OSGi Alliance Specifications).

Ferramentas: JDeveloper vai continuar sendo o IDE estratégico da Oracle, mas o BEA Workshop baseado em Eclipse vai continuar disponível, e agora gratuito como o JDeveloper; eventualmente Workshop deve ser tornar parte do Oracle Eclipse Pack.

SOA: todos os componentes vão continuar hot-pluggable; a plataforma combinada oferece ferramentas, middleware, governança e componentes integrados. Oracle ESB e AquaLogic ESB convergirão para o novo Oracle Service Bus.

Governança SOA: AquaLogic Enterprise Rep se tornará o repositório de governança SOA da Oracle; Oracle Service Registry vai continuar como UDDI registry.

BPM: Oracle deve combinar o BPM em um único runtime baseado no modelo de metadados BPEL/BPMN.

Gerenciamento: Enterprise Management Packs serão estendido aos produtos BEA; BEA Guardian será integrado ao Oracle Enterprise Manager.

6 Replies to “Oracle e BEA – estratégias futuras”

  1. Realmente, a Oracle é uma put* empresa, onde trabalho temos parcerias com a Oracle e também com a SAP, ambas sendo vistas de perto nos mostram o quanto a tecnologia e o poder de grandes empresários com visão de mundo podem fazer pelo que querem/acreditam.

    Acho que a política de migração forçada é algo horrível, vejo isso ao entender um pouco sobre releases de softwares e coisas do genero. O usuário tem que ter o direito de escolher o que usa, e como usa.

    Adorei o blog, e gostaria de perguntar se posso adicioná-lo em meus “Friends”.

    Abraços,
    Min.

  2. Olá Min.

    Claro que pode me adicionar a sua lista de “Friends”, é um prazer para mim.

    Realmente, a Oracle é uma empresa e tanto. na área de banco de dados, é líder imbatível há mais de 20 anos. Com a aquisição da BEA, líder de mercado de servidores de aplicação Java EE, a Oracle pretende se firmar imbatível nessa área também, rivalizando a outra gigante IBM.

    Contudo, o domínio de mercado dos gigantes fornecedores de TI, se por um lado supre as empresas de constante inovação e poder tecnológicos, por outro cria uma dependência do licenciamento de seus produtos.

    Quando produtos de uma Microsoft, Oracle, IBM, SAP ou outra desse porte se tornam críticos na infra-estrutura de TI de uma empresa, a ponto que a operação dos processos de negócio da empresa dependam da disponibilidade contínua deles, as gigantes tendem a fazer jogo duro na negociação de atualização, manutenção e suporte de seus produtos.

    É um belo desafio para os gestores de TI.

  3. Parabéns a Marcio pela ótima publicação.
    Estive num evento da Oracle recentemente que tinha como objetivo apresentar a estratégia Fusion Middleware. Neste evento a oracle anunciou nove anos de suporte para os produtos que serão “descontinuados” estratégicamente.
    Parece ser uma estratégia sólida de adaptação ao mercado, porém, o que me preocupa é o fato de tantas aquisições estratégicas realizadas pela Oracle estarem impactando diretamente e prolongadamente no mercado (consultores/clientes).
    Exemplo: Hoje em São Paulo só existem 3 centros de treinamento autorizados pela Oracle e os mesmos ainda não possuem treinamentos agendados, a impressão que dá é que a Oracle está demorando um pouco para dar suporte aos desenvolvedores, clientes e pessoas que dependem diretamente de know how tecnológico.
    Hoje um cliente, ao avaliar uma plataforma tecnológica para suportar SOA, acaba ficando com receito de avaliar produtos Oracle/BEA devido a resposta lenta de suporte a todas estas aquisições.
    Grato a todos.
    Jandiro

  4. @Jandiro:
    Obrigado pela participação.

    É verdade, enquanto a Microsoft tem uma extensa rede de parceiros, treinamentos e certificações disponível aqui no Brasil, não vejo a mesma proporção da Oracle. Em Belo Horizonte, por exemplo, só há um centro educacional autorizado Oracle.

    Não basta ter um ótimo portfólio de produtos, é necessária também uma boa rede de treinamento, integradores e parceiros que dê o devido apoio às empresas para ter sucesso no uso desses produtos, que no caso da Oracle focam soluções de razoável complexidade, como servidores de BD, middleware/servidores de aplicações e ERPs.

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