A origem de todo o mal

Um dos recursos mais simples e práticos do uso de computadores pessoais é o Recortar/Copiar-e-Colar (em inglês, Cut, copy and paste). O conceito foi inventado no Centro de Pesquisas Xerox de Palo Alto (PARC) — celeiro de outras invenções fundamentais da computação moderna, como o mouse — em 1974 por Lawrence Tesler, originalmente para edição de textos.

A funcionalidade é tão essencial e unânime que, junto com o recurso de Desfazer (Undo), as teclas associadas às ações (combinadas a uma tecla de comando como Control) foram adotadas igualmente por todos os sistemas operacionais — começando por Apple no Macintosh/MacOS e Microsoft no DOS/Windows — em seqüência no teclado: Z (desfazer), X (recortar), C (copiar), V (colar).

Com o conceito definido como Área de Transferência (Clipboard), área temporária na memória do computador para onde um conteúdo pode ser recortado (movido) ou copiado, e de lá colado em outra posição ou documento, a ação de recortar/copiar-e-colar torna fácil o processo criativo e produtivo não só de texto, mas dos mais diversos tipos de conteúdo e informação manipulados em computadores.

A operação de recortar-e-colar é uma forma prática de se mover conteúdo de um local para outro.

Já o simples copiar-e-colar dá vazão a algo muito maior: a natureza expansiva da informação, onde o conteúdo criado uma vez deve ser usado, repassado, e reaproveitado, dando alto sentido e valor à informação original. Não é à toa que muitas vezes já escutei a paródia do Princípio de Lavoisier aplicado à tecnologia: “Na informática nada se perde, nada se cria, tudo se copia”.

Copiar conteúdo facilmente é muito útil. Mas o excesso de facilidade rapidamente traz também riscos. Por exemplo, quando o conteúdo em questão é um material com direito autoral, copiar-e-colar sem o devido crédito e autorização pode significar plágio ou outra violação de direitos.

Igualmente grave é o fato de que copiar-e-colar é perfeito para a cópia de conteúdo igual, mas ocorre que muitas vezes se precisa de um conteúdo similar, mas não idêntico. Aí, depois do copiar-e-colar é preciso modificar ou adaptar o que for necessário. E se não for tudo alterado adequadamente, surgem enganos, erros e inconsistências. Quem não sabe citar exemplos de algum conteúdo errado cuja causa foi um copiar-e-colar onde se esqueceu de mudar o que não se aplicava ao conteúdo destino?

Quando analisamos o copiar-e-colar na programação, aí a coisa fica mais séria. Quase sempre o copiar-e-colar de código-fonte é indício de que alguma boa prática de desenvolvimento/programação está sendo negligenciada.

Martin Fowler fala, sabiamente, o óbvio do bom senso em seu livro “Refatoração – Aperfeiçoando o projeto de código existente” (Bookman, 2004, ISBN 85-363-0395-6):

A Regra de Três

Aqui está uma diretriz que Don Roberts me deu: na primeira vez em que faz algo, você apenas faz. Na segunda vez em que faz algo parecido, você estremece diante da duplicação, mas a faz de qualquer forma. Na terceira vez em que faz algo parecido, você refatora.

De fato, se você for copiar um trecho de código, deveria antes de tudo se perguntar: Não seria o caso de encapsular este trecho de código em um método/função e promover o correto reuso? E se você for copiar e modificar um pouco, não seria o caso de fazer uma sobrecarga de método — nas linguagens de programação orientadas a objeto — ou parametrização, tratando a situação que varia?

Da inobservância a esses riscos na prática do copiar-e-colar surgem erros de conteúdo mal reaproveitado e bugs de código mal adaptado. É por isso que costumo brincar que, principalmente no desenvolvimento de software, copiar e colar é “a origem de todo mal”.

Princípios e citações

Alguns princípios e citações pautam meu pensamento, minha personalidade, minha vida.

Um do principais é custo × benefício. A análise de custo-benefício é uma disciplina científica, mas para mim é praticamente uma filosofia de vida. Aliás, gostei da definição da Wikipedia (inglês) que diz que pode ser também “uma abordagem informal para se tomar decisões de qualquer tipo”. Dê uma olhada em Answers.com e verá que a análise de custo-benefício se aplica às mais diversas situações e áreas.

Nem sempre o tal custo é algo facilmente mensurável, como é por exemplo o custo financeiro. Mesmo quando o assunto é dinheiro, na maioria das situações existem custos diretos e os — às vezes tortuosos mas ainda assim relevantes — custos indiretos. Existe até o custo de oportunidade, aquele relativo a oportunidades perdidas ou boas alternativas não escolhidas.

Benefício, então, pode ser ainda mais intangível e subjetivo. Ou seja, pesar o custo-benefício — das coisas e das ações — tem sempre um grau de subjetividade, mas nem por isso deixa de ser, para mim, um jeito sensato de pensar.

Eu sempre desconfio das medidas “a qualquer custo”. Praticamente nada, para mim, é digno de ser a todo e qualquer custo. Existem, sim, decisões que tem um alto grau de importância ou relevância (mas relativo a quê e a quem?), o que pode ser uma medida de alto benefício. Aí sim pode-se justificar alto custo.

Assim como dizem que “toda unanimidade é burra”, todo absoluto é radical. Os extremos são sempre perigosos. E o equilíbrio, essência do custo-benefício, nem sempre é fácil, mas é um padrão lógico e justo.


Por falar em fácil, me ocorre outro ponto relevante: É mais cômodo culpar os outros do que admitir as próprias deficiências. Ou, no pensamento de Jean-Paul Sartre e na música dos Titãs: “o inferno são os outros”.

Pode ser mais cômodo, mas não torna as coisas mais fáceis nem resolve a situação.

Afinal, não é mais fácil modificar a si mesmo — ou algo que depende exclusivamente de você — do que modificar os outros e o resto do mundo? Então, se uma deficiência — ou falha, ou problema, ou culpa — está em você, maiores as chances de você mesmo ter os meios para resolver a situação.

Contudo, admitir as próprias falhas curiosamente é, em geral, muito mais difícil do que possa soar. Exige boa dose de coragem. Talvez seja por isso que, embora nas (tantas) vezes que erro sou o primeiro a admitir, não raro vejo nas pessoas uma reação de espanto ou admiração. Serei corajoso? Acho que ajo assim mais por convicção e hábito do que por esforço e coragem.

Errar é humano. Errar só não pode ser a regra. E insistir no erro, aí sim, é bobeira. Admitir um problema pode ser o primeiro passo para resolvê-lo. Então, meu pensamento: seja o primeiro a reconhecer seus erros para se tornar uma pessoa melhor.

Quando falei em coragem, me lembrei imediatamente de Rubem Alves, no texto O Passarinho Engaiolado (in: Teologia do Cotidiano): “Somente podem gozar a liberdade aqueles que têm coragem”.

Níveis da administração

[Revisado em 2010-03-05.]

À medida que experimento e convivo com os níveis organizacionais de empresas, principalmente de médio e grande porte, percebo e compreendo na prática a diferenciação de características dos níveis hierárquicos de gestão.

É nítida a existência de três níveis: o Estratégico da alta gestão (institucional, executiva), o Tático da gestão departamental e o Operacional da gestão localizada (equipes). Consegui identificar e diferenciar algumas características interessantes destes níveis, que listo a seguir.

Nível
Estratégico Tático Operacional
C
a
r
a
c
t
e
r
í
s
t
i
c
a
Abrangência Global, Corporação, Instituição Regional, Unidade, Divisão, Departamento Local, Setor, Equipe
Área Presidência, Alto Comitê Diretoria, Gerência Coordenação, Líder técnico
Perfil Visão, Liderança Experiência, Organização Técnica, Iniciativa
Resultado Efetividade Eficácia Eficiência
Horizonte Longo prazo Médio prazo Curto prazo
Foco Destino Caminho Passos
Diretrizes Visão, Objetivos Planos de ação, Projetos Processos, Atividades
Conteúdo Abrangente, Genérico Amplo, mas Sintético Específico, Analítico
Ações Determinar, Definir, Orientar Planejar, Gerenciar Executar, Manter, Controlar, Analisar
Software Painel de Controle, BI, Editor de texto Project, Planilha, Editor de texto, Apresentação Service Desk, CRM, ERP, Aplicações específicas

Enquanto tenho aprendido isso empiricamente, fiz uma pesquisa na Internet e tive a feliz surpresa em descobrir que minhas experiências práticas convergem para o que a literatura acadêmica preconiza.

Descobri a Teoria Neoclássica da Administração e suas idéias, que parecem o caminho para me dar fundamentação teórica e a organização metodológica para este meu conhecimento tácito.

Estou descobrindo — para tudo na vida tem uma primeira vez, não importa quando — autores fantásticos como Peter Drucker (1909-2005, austríaco) e o mundo dos negócios segundo ele. É de Drucker a corretíssima frase “o que não se pode medir, não se pode gerenciar”. E completando: Não se pode medir o que não se pode definir. E para definir é preciso entender.

É, quanto mais aprendo, mais certeza tenho de quanta imensidão ainda há a aprender. Ou, como diria o filósofo Sócrates: “tudo que sei é que nada sei”.

Para saber mais:

Eficiência, Eficácia e Efetividade:

Blog bom também é cultura

O que é um blog? É um “Web Log”, um Diário público na Internet. Um Diário pode ser apenas um local onde escrevo coisas do meu dia a dia, que talvez só tenham significância para mim mesmo, certo? Colocado assim, pode parecer uma coisa fútil. Felizmente, não é só isso. Pode ser muito mais.

Blog é uma ferramenta simples e poderosa de publicação individual de conteúdo na web, organizado por data — e, em geral, também agrupado por categorias. Cada conteúdo postado (publicado) é chamado “artigo”, nome que já traz uma idéia bem menos fútil das possibilidades. Além disso, os mecanismos de blog em geral têm o caráter interativo, de forma que os leitores podem participar escrevendo comentários sobre cada artigo. E existem muitos e bons portais de blogs gratuitos e acessíveis a todos. É assim, também, uma ferramenta muito democrática e aberta.

O blog tem então o poder de ser uma poderosa ferramenta de divulgação e discussão de idéias, opiniões, fatos, proposições. Se torna um importante veículo de comunicação, informação e cultura, de caráter pessoal, criativo e interativo. Pessoas que têm proficiência ou interesse sobre determinado assunto — qualquer assunto — podem se utilizar de um blog para compartilhar com o mundo seu conhecimento ou sua inspiração.

Pessoas que poderiam ser (ou são) colunistas de um meio de comunicação mais “tradicional”, como os muitos portais de notícias e conteúdo na Internet, às vezes se sentem mais à vontade em publicar artigos em um blog. É um espaço pessoal, só seu, sem necessariamente estar vinculado a nenhuma instituição, sem compromissos de prazos, formatos ou outras pressuposições. Com liberdade de expressão.

Na minha área de tecnologia, a cada dia venho encontrando mais e mais blogs — de brasileiros e estrangeiros — cujos artigos são fonte de informação tão grande ou maior que bons portais de conteúdo por empresas da mídia especializada. Eis alguns que descobri recentemente:

A coisa é tão interessante que vejo com entusiasmo a iniciativa recente da comunidade JavaFree em criar o portal InfoBlogs, coletando e reunindo blogs em português sobre tecnologia. Ao dar visibilidade a diversos blogs em um só lugar, o InfoBlogs visa incentivar profissionais de informática a escreverem bons conteúdos em português sobre tecnologia. O InfoBlogs segue o modelo do Digg News internacional. Parabéns ao JavaFree pela idéia!

Portais colaborativos de comunidades também têm criado espaço para blogs dos usuários, além dos fóruns e grupos de discussão. No mundo tech, cito exemplos de Java.net Weblogs (Java) e MSDN Blogs (desenvolvedores Microsoft). Outra vertente interessante é a dos blogs corporativos, adotados por empresas como veículo de comunicação institucional e/ou de seus colaboradores e clientes.

Se você até hoje achava que esse negócio de blog é coisa de desocupado que fica postando seus diários na Internet, repense seus conceitos. Permita-se passear pelos blogs da Internet, procure por aqueles relacionados a assuntos do seu interesse, e ficará impressionado com a fonte de comunicação fantástica que poderá encontrar. E que, espero, cresça cada vez mais.

E você, tem algo a dizer e ainda não tem um blog? Crie o seu.

Para saber mais e criar o seu blog gratuito, eis algumas sugestões: