O impulso da pandemia às reuniões virtuais

O triste fenômeno mundial da pandemia de COVID-19 e as consequentes medidas de isolamento social impulsionam, de forma abrupta e inesperada, a necessidade e popularização das ferramentas de videoconferência e reuniões virtuais on-line.

Reuniões com vídeo em computadores e dispositivos móveis.
Crédito/Fonte: Reuniões Zoom.

Na medida do possível, empresas e governo estão adotando o trabalho remoto ou home-office em larga escala, tentando se valer, por um lado, de ferramentas de acesso remoto, redes privadas virtuais (VPN) e serviços em nuvem para que os funcionários, clientes, usuários e parceiros tenham acesso a recursos computacionais corporativos a partir de casa. Por outro, buscam ferramentas de videoconferência ou reunião on-line para as comunicações e interações entre pessoas e equipes.

Escolas, principalmente no ensino fundamental e médio, também estão tendo que adotar às pressas videoaulas para que os alunos possam efetivamente interagir com professores e continuarem de alguma forma o aprendizado, enquanto escolas físicas permanecerem fechadas. O ensino à distância (EAD) já é muito popular para cursos de nível superior, pós-graduação, cursos livres e especializados, voltados ao público adulto. A novidade tem sido o desafio do ensino à distância com crianças e adolescentes.

As principais redes sociais já oferecem recursos de conteúdo ao vivo, como “as lives” de YouTube, Facebook e Instagram por exemplo, mas é uma interação praticamente “unidirecional”. Um usuário veicula vídeo em tempo real e todo o público apenas assiste, tendo sua interação de retorno limitada a reações na forma de mensagens de chat e emoticons. Vi vários artistas musicais em lives comentando o quanto se sentiam estranhos, pois apesar de saberem que haviam milhares ou até milhões de usuários visualizando, parecia que estavam fazendo show para ninguém, sem sentir o calor e a vivacidade do público presente.

Até a interação entre grupos de familiares e amigos está ganhando a escala dos encontros por vídeo. Como fazer sem os tradicionais ambientes de encontro presencial como bares, casa de shows e outros espaços públicos, sem happy-hours, festas, aniversários, churrascos, passeios…? Como escapar da sensação entediante e deprimente da falta de interação e do isolamento?

Esse cenário grave e inusitado é terreno fértil para as empresas fornecedoras de soluções de comunicação remota, videoconferência e reuniões virtuais. Estas tem buscado evoluir os recursos e capacidades de seus produtos, expandir a escala e limites de acessos simultâneos e tráfego, oferecer usos gratuitos principalmente a empresas e escolas. Também têm visto emergir as fraquezas e falhas de segurança, desempenho, recursos e usabilidade diante de um cenário de uso inimaginavelmente maior e mais intenso.

Logomarcas de diversos fornecedores

Quem saiu na frente em popularização foi a Zoom, com seu sistema de videoconferências Reuniões Zoom (Zoom Meetings), oferecendo versão gratuita com reuniões em grupo para até 100 participantes com limite de duração de 40 minutos, fácil configuração e acesso em navegadores web, aplicativos desktop Windows e móveis Android e iOS, e recursos poderosos como compartilhamento de tela, transferência de arquivos e gravação local de reuniões.

Porém, rapidamente surgiram notícias de diversas falhas de segurança e privacidade reveladas no Zoom, como relativa facilidade de se descobrir e invadir reuniões alheias, links e criptografia vulneráveis. Mesmo com o anúncio da empresa de um plano de 90 dias para melhorias de segurança, incluindo lançamento da nova versão 5.0, foi um banho de água fria na credibilidade da ferramenta, principalmente para usos mais críticos.

Foi a vez de gigantes como Microsoft e Google destacarem a robustez e evolução de seus produtos e oferecerem usos gratuitos principalmente para trabalho e educação, com as ferramentas Microsoft Teams e Google Meet. Ambos os fornecedores também tem produtos gratuitos mais simples voltados para usuários pessoais: Microsoft Skype e Google Duo.

Esse mercado ainda conta com outros fornecedores de peso. Citando o quadrante mágico do Gartner para Meeting Solutions em agosto de 2019, tínhamos no quadrante líder, junto com Microsoft e Zoom, Cisco (Webex) e — mais atrás — LogMeIn (GoToMeeting), como desafiantes Google e Adobe (Connect), e visionários BlueJeans by Verizon, StarLeaf, Pexip e Lifesize.

Nessa onda, até aplicativos como o popular WhatsApp aproveitaram para expandir seus recursos. WhatsApp passou a permitir chamadas de vídeo e de voz em grupo com até 8 participantes (28 de abril de 2020). E muitos não sabem que o Facebook Messenger, pouco usado no Brasil, permite vídeo chat em grupo desde dezembro de 2016.

A pandemia de COVID-19, ao mesmo tempo que é uma tragédia mundial, tem impulsionado considerável revolução tecnológica e rupturas de hábitos e culturas nas pessoas, grupos sociais e organizações, como neste caso das reuniões remotas. O tempo dirá o que restou de bom.

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