Para quem foi “criado” na cultura do Unix, como eu, aprendi a usar e fiquei fascinado com aquele terrível mas fantástico editor de texto vi (pronuncia-se como as letras em inglês: vi-ai).
O vi é um editor surgido na década de 70 no Unix, possui modos separados de entrada de texto e de comandos, onde infindas sopas de letrinhas fazem loucuras com o texto. Numa época onde predominavam mainframes, o vi inovou ao evoluir do editor de linha (como ed, sed e AWK) para um editor visual (daí o nome!) onde o texto aparecia na tela inteira, que evolução! 🙂 Contudo, o vi ainda preservou recursos e conceitos oriundos dos processadores de linha.
Desde a explosão da Internet e do Windows (década de 90 até hoje), o mundo se acostumou com alta interatividade e visual rico. Por isso, a filosofia do vi soa nos tempos atuais totalmente enigmática, anti-natural e, portanto, terrível.
Apesar disso, o vi trazia desde nascença um recurso surgido no próprio Unix e que até hoje é fantástico para a busca e substituição de texto: as expressões regulares. Isso, mais a forma de execução programática de comandos de linha, permite manipulações mirabolantes no texto. Acredito que essas características me fizeram apaixonado e saudosista pelo vi.
Lembro disso porque hoje, depois de um ano sem novas versões, foi lançada a versão 7.1 do Vim, o “Vi Improved” (Vi melhorado), clone melhorado do VI original do Unix, desenvolvido como software livre e enriquecido com inúmeros recursos. O Vim é o “vi” do Linux e está atualmente disponível para quase todas as plataformas, em versão modo-texto puro ou gráfica (gVim), inclusive Windows.
Outro editor surgido no mundo Unix e inspirado nos velho WordStar (“WS”, para os íntimos, dá época do CP/M e MS-DOS) é o Emacs, já nascido software livre pelo projeto GNU. Muito amadurecido ao longo do tempo, a última versão estável é a 21.4 de fevereiro de 2005. Costumava existir uma guerra apaixonada entre os adoradores de VI e os de Emacs.
Mas hoje em dia deixo a paixão de lado e admito que o vi é antigo e complicado e, por isso, muitas vezes anti-produtivo. Além do mais, bons editores de texto avançados — em geral usados para editar código-fonte, em linguagens de programação e formatos de conteúdo/dados em texto como HTML e XML — atualmente já incorporam recursos de busca e substituição com suporte a expressões regulares e oferecem facilidades que permitem o mesmo poder do vi, porém com bem mais facilidade e usabilidade.
Um bom exemplo é o Notepad++, software livre para Windows baseado no poderoso componente editor Scintilla. Rápido, ágil, cheio de recursos e fácil de usar.
Para saber mais:
- Regular-Expressions.info (em inglês), ótimo site sobre expressões regulares.
- Editores de Texto Fonte – Referências sobre editores de texto avançados.
- Aplicações Texto e Desktop – Referências sobre editores de texto e processadores de linha em Unix e Linux.
- Categorias Text editors e Linux text editors (ambas em inglês), em Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Linux Text Editors (em inglês), por Donovan Rebbechi, The Linux Revolution.
Certa vez li num blog que o vim é como uma ferrari e de fato, depois de muito amadurecimento não troco meu formual 1 por qualquer outro editor, mesmo os que prometem funcionalidades como expressões regualres são limitados, veja por exemplo meu vimrc com mais de 800 linhas, vários esquemas de cor, plugins, comunidade muito ativa e portabilidade total, esse é o vim que eu amo e não largo!
Pra quem vive no mundo Java, realmente uma IDE cheia de recursos é vital para lidar com a complexidade desses frameworks.
Para quem trabalha com linguagens como PHP, Ruby e Python, por exemplo, o Vim da conta do recado e sobra. Uso o Vim desde 2004 e não o troco por nada (a menos que eu precise trabalhar com algum framework Java, nesse caso provavelmente não tem jeito…).