Na série de artigos para Explorar Buenos Aires, estamos no de número quatro para falar do tradicional bairro de Recoleta. Lembrete: Todos os preços citados em pesos argentinos de jan/2016.
Em uma sequência de três quadras na Junín, começando da esquina com Vicente López, você tem o shopping Recoleta Mall (Vicente López 2050), e atravessando a rua, o Cemitério Recoleta, a Igreja N.S. do Pilar, o Centro Cultural Recoleta e, ao final da descida, uma escada rolante dá acesso ao shopping Buenos Aires Design. Se continuar atravessando o gramado onde ocorre a feira de artesanato e a Plaza Francia, chegará ao Museu de Belas Artes. Atravesse a avenida pela passarela, passe a Faculdade de Direito e chegará à Floralis Genérica.
Centro Cultural Recoleta (Junín 1930): Informações turísticas, galerias de arte e outros espaços de artes visuais e cênicas, lanchonete, o Museu Proibido NÃO Tocar e, ao fundo, o terraço do shopping Buenos Aires Design, onde eventualmente há apresentações artísticas ao ar livre. Entrada gratuita. Ter-sex 13h30-20h30; sáb, dom e feriados 11h30-20h30; seg fechado.
Museo Participativo de Ciencias (MPC) – Prohibido no Tocar (Museu “Proibido NÃO Tocar” – dentro do Centro Cultural Recoleta): Nos dois andares de alas — óptica, eletricidade, mecânica, arte, tecnologia, matemática, música/ondas/som, fenômenos naturais e auditório — as crianças são estimuladas a interagir com muitas experiências e demonstrações interativas de Física. É como um mega laboratório divertido, mais proveitoso para crianças em idade escolar, mas pequenos curiosos devem gostar. Ter-sex 10-17h. Sab, dom, feriados e férias de verão (ter-dom) 15:30-19:30. Reserve umas duas horas para percorrer tudo. Entrada $75 (passou para $80 em fevereiro) adulto ou criança.
Cementerio de la Recoleta (Cemitério da Recoleta – Junín 1760): Construído em 1822 como primeiro cemitério público da cidade, ocupa o equivalente a quatro quadras. Entre inúmeros corredores de mausoléus, lá estão sepultados célebres como Eva Perón (“Evita”, atriz, líder política e primeira-dama da Argentina durante a presidência de seu marido general Juan Domingo Perón em 1946-1952), Domingo Faustino Sarmiento (escritor, estadista e 7º Presidente da Argentina em 1868-1874), gerando “turismo fúnebre”.
Buenos Aires Design (Av. Pueyrredón 2501 com Azcuénaga): Seg-Sáb 10-21h, Dom e feriados 12-21h. Anexo ao shopping, a primeira filial latinoamericana da rede internacional de restaurantes Hard Rock Café: Dom-Qui 12-1h, Sex e Sáb 12-2h.
Feira de Artesanato de Plaza Francia (interseção das Avs. Pueyrredón, Del Libertador e Alvear, depois do Buenos Aires Design): Artesanatos e lembranças variados, bons preços. Fins de semana e feriados, 11-20h.
Ao lado do MNBA próximo à Av. Pueyrredón, uma Passarela de pedestre com o piso de concreto todo grafitado atravessa Av. Pres. Figueroa Alcorta. Do outro lado, a antiga “Praça República Federativa del Brasil” estava em obras para se tornar mais um estacionamento público. Passando em frente às escadarias da Faculdade de Direito, se chega à Plaza de las Naciones Unidas, onde está a Floralis Genérica.
Floralis Genérica (Av. Pres. Figueroa Alcorta 2301): Escultura de 20m de altura em aço inoxidável e alumínio.
El Sanjuanino (Posadas 1515; filiais também em Belgrano e Barrio Norte): considerada por muitos a melhor empanada de Buenos Aires. Se estiver em um grupo de até 6 pessoas, pode dar sorte de ter disponível a mesa redonda no salão térreo; no subsolo há mais mesas, de quatro lugares.
Preços, não inclusa propina (10%): Empanada $20, Pepsi $35, Água com gás $32, Bife com fritas $240, Milanesa com fritas $130 (pratos individuais).
Palermo é o bairro mais extenso da cidade e o mais verde. E, para mim, o mais charmoso e agradável para se hospedar e perambular, cheio de belos edifícios residenciais entremeados por restaurantes, cafes, kioscos, mercearias, lojas, incluindo o shopping center Alto Palermo (Av. Santa Fe 3253, entre Bulnes e Av. Coronel Díaz).
De tão grande, o bairro costuma ser informalmente identificado por 9 ou 10 sub-bairros ou regiões, cada um com seu próprio apelido característico. Os mais frequentemente usados são os dois abaixo da rua Guatemala, Palermo Soho e Palermo Holywood, divididos pela Av. Juan B. Justo. Ainda tem Palermo Botanico (alguns dividem também Palermo Zoo), Alto Palermo, Palermo Nuevo, Palermo Chico, Palermo Pacifico, Palermo Norte, Palermo Freud. Leia mais a respeito em Entendendo Palermo (blog Buenos Aires para Chicas, 2012-06-05) e 100 Barrios Part 2: Sub-Barrios of Palermo (Vamos Spanish Academy, 2013-09-27, em inglês).
Hospedagem
O AirBnB oferece muitas centenas de apartamentos em Palermo. Esta me pareceu a opção que, além de bom custo-benefício e vasta quantidade de opções disponíveis, nos permitiu liberdade e flexibilidade para quem está com criança. Dica: Super indico o ótimo apartamento duplex de Joe (leia meu comentário no AirBnB) em que ficamos em Palermo Botânico, para até 4 pessoas, dois quartos e todo equipado.
Parque 3 de Febrero (Av. Del Libertador, a oeste e leste da Av. Sarmiento): O maior bairro abriga em sua região norte a maior área verde da cidade, o Parque Três de Fevereiro, também conhecido como Bosques de Palermo, com 370 hectares. A título de comparação, o Central Park em New York tem 341 ha e o Ibirapuera em São Paulo 158 ha. Em suas extensas áreas gramadas com sombra de inúmeras árvores frondosas, as pessoas podem descansar, se divertir e exercitar. Em toda extensão das avenidas de circulação interna, como Infanta Isabel, Pedro Montt, Berro Adolfo, há pistas onde as pessoas correm, caminham, andam de bicicleta, patins, skate. Integram o Parque o Jardim Japonês, o Rosedal, um lago, várias praças e monumentos, espaços públicos com aparelhos de ginástica, e até o Planetário da cidade.
Jardim Japonês (Av. Casares 2966, esquina Av. Del Libertador): Construído e doado a Buenos Aires em 1967 pela Comunidade Japonesa, o Jardim tem entrada paga ($70, menores de 12 e aposentados não pagam), mas vale a pena, é uma agradável imersão no ambiente japonês. Caminhando pelo entorno e belas passarelas e pontes de um lago cheio de grandes carpas (koi), ao som de música japonesa nos alto-falantes, você encontrará monumentos e serviços japoneses como restaurante (fecha terças), viveiro (supre o jardim e vende plantas), souvenirs, dentre outros. Todos os dias 10-18h.
Rosedal (Av. Infanta Isabel 900, ou Av. Pres. Pedro Montt com Av. Iraola): Na ala oeste do parque está o Rosedal, que completou seu centenário em 2014. Tem uma coleção de mais de 18 mil rosas distribuídas no Jardín de Rosas, com seus canteiros geométricos, além de belas áreas como o Jardín de los Poetas, com bustos de poetas e escritores célebres, o Paseo El Rosedal e Pérgola del Lago, uma passarela pergolada margeando o lago até a ponte. Terça a domingo, Verão 8-20h, Inverno 8-18h.
Lagos de Palermo – pedalinhos e botes (Av. Infanta Isabel 460): Apesar do nome, é um lago só. A oeste da ponte do Paseo El Rosedal, você pode alugar 30 minutos de biciscafos (pedalinhos) para 2 ($140) ou 4 pessoas ($200) ou bote para 4 ($160) para passear no lago, que se estende rodeando o Rosedal. Meia hora de pedalinho nem deve ser suficiente para atravessar o lago todo, mas é mais que suficiente para cansar as pernas, hehe.
Planetário Galileo Galilei (Av. Sarmiento com B. Roldán): Inaugurado em 1968, o Planetário de cinco andares tem uma big sala de projeção 360° em uma cúpula de 20m diâmetro, onde são projetados documentários temáticos. Também abriga uma coleção de meteoritos provenientes do Norte argentino e outra sala de projeção menor para mostras temporárias. No final do ano fecha para manutenção e reabriu para temporada de verão em 16/01/16, terça a domingo, com apresentações ($50 cada) das 14-19h. Nas noites de verão (5/2 a 4/3/2016), espetáculo ao ar livre “Música sob as Estrelas” ($100). A bilheteria abre 12h até esgotarem os ingressos do dia. Chegue cedo!
Na movimentada Plaza Italia, da Av. Santa Fe partem outras grande avenidas, Sarmiento e Gral. Las Heras. Na esquina Santa Fe com Sarmiento está a bilheteria do Parque de Exposições La Rural (entradas: Av. Sarmiento 2704 – Av. Santa Fe 4201): No período em que estivemos lá, estava havendo a exposição “Dinosaurios – Mundo Jurásico” ($150 adultos, $100 crianças) com 19 dinossauros robotizados em escala real, meu filho amou! Vale conferir se há alguma exposição legal na época em que você for.
Zoo Buenos Aires (Entrada principal Av. Sarmiento com Av. Las Heras – Plaza Italia. A outra portaria na esquina de Av. Libertador e Av. Sarmiento abre sábados, domingos e feriados): Otimo zoológico com cerca de 350 espécies animais, incluindo um aquário, uma granja e um reptilário, além de apresentações didáticas. Alguns animais, como maras (pequeno roedor típico da Argentina) e patos, circulam livres pelo zoo. Quiosques vendem um baldinho de comida para animais ($70). Nas jaulas aplicáveis há rampas ou orifícios onde se pode jogar a ração, e para animais mais dóceis como os cervos, é possível alimentá-los diretamente na boca pela cerca. Diversão garantida para as crianças! Entrada $190, Tarjeta VOS dá 50% de desconto, menores de 12 anos não pagam. Todos os dias 10-19h, entrada até as 18h.
Jardim Botânico — Jardín Botánico Carlos Thays (Av. Santa Fe 3951, esquina República Arabe Siria): Inaugurado em 1898, foi desenhado pelo paisagista francês Carlos Thays, autor do traçado de alguns dos espaços verdes mais importantes de Buenos Aires. Abriga perto de 6 mil espécies vegetais.
MALBA – Museo (Museu) de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Av. Figueroa Alcorta 3415, esquina San Martín de Tours): Quadros (incluindo “Abaporu” da brasileira Tarsila do Amaral), esculturas, vídeos (em salas escuras próprias) de artistas latinoamericanos. É um problema para crianças que gostam de tocar em tudo, pois há muitas montagens delicadas diretamente no chão ou em mesas (e muitos vigias para alertar que não se pode tocar em nada). Entrada $75, quartas $36, menores de 5 anos não pagam. Visita guiada quarta e domingo 16h.
Museu Evita (Lafinur 2988, esquina Juan María Gutiérrez, próximo à Av. Las Heras): Vestimentas, objetos pessoais e documentos que divulgam a vida, obra e ideário de María Eva Duarte de Perón e do primeiro peronismo. Ter-Dom 11-19h, entrada até 30 min antes de fechar.
Feria (Feira) de Plaza Julio Cortázar, ex Plaza Serrano (Serrano/Jorge Luis Borges com Honduras – Palermo Soho): Feira de artesanato bem variada, em torno da praça onde ao centro há um parquinho infantil público cercado e à volta muitos cafés, restaurantes e bistrôs com boa comida (nós gostamos do Meridiano 58, o blog do Ricardo Freire indicou o Social Paraíso). Qua-Sex 15-20h; Sáb, Dom e feriados 14-20h.
Alimentação
Como já disse, Palermo é um bairro onde não faltam restaurantes, cafés, lanchonetes, confeitarias, sorveterias, opções para todos os gostos e bolsos. Vou citar apenas alguns destaques pessoais.
Sorvetes (Helados): Por toda Buenos Aires você encontra filiais da famosa rede de sorveterias Freddo, em Palermo não é diferente (há pelo menos três, no shopping Alto Palermo, no shopping Portal Palermo/Jumbo e na Av. Santa Fe 3856 em frente ao Jardim Botânico); um Cucurucho (cone waffer com 2 bolas) é $70. Experimentei também uma sorveteria Helados Nicolo (esquina de Scalabrini Ortiz com Antonio Beruti) com preços bem em conta e um bom e tradicional sabor Dulce de Leche (na Argentina, o doce de leite é tão tradicional, inclusive no sabor de sorvete, que no McDonald’s os sabores de casquinha — cono — são baunilha e doce de leite, e não chocolate). Mas se quiser experimentar um sorvete especial, caseiro e delicioso, a dica é a seguinte…
Sorveteria Jauja (Av Cerviño 3901, esquina Lafinur) – “Genuino Helado Artesanal de la Patagonia“: Deliciosos sorvetes artesanais em dezenas de sabores “patagônicos” de frutas, cremes, variações de chocolate e, claro, de doce de leite. Comi um farto cascão (Capelina) com dois sabores e coberturas por $75. No piso superior fica o living com mesas, incluindo wi-fi e tomadas para quem quiser conectar seu dispositivo móvel. Fica em uma esquina tranquila e simpática próxima ao zoo. E repare na foto o “coleiródromo” para deixar lá fora o cachorro.
Don Julio Parilla (Guatemala 4691, esquina Gurruchaga): Claro, se Argentina lembra churrasco (parilla), eis um ótimo restaurante onde você come um saboroso e bem preparado bife de chorizo (corte argentino de contrafilé bovino). Posição 24 no ranking do TripAdvisor entre mais de 3 mil restaurantes em Buenos Aires. Entrada (Cubierto) de pães e patê (opcional): $30; bife de cuadril (alcatra): $241; bife de chorizo ancho (contrafilé largo, detalhe da foto, não resisti e comi um pedaço antes): $213; bife de lomo (filé mignon): $277; refrigerante (gaseosa) ou água: $38; suco de laranja (exprimido): $48; copa del dia (taça de vinho do dia): $80; porção de batatas (papas) fritas: $86; ensalada verde: $96; acrescente a tudo a gorjeta (servicio) de 10 a 15%, que nunca é inclusa na conta. Acompanham as carnes molhos chimichurri (tradicional argentino, especiarias no azeite/vinagre) e vinagrete.
Menção honrosa para Tucu – Empanadas Tucumanas e Pizzas (Scalabrini Ortiz 2762): quase 20 sabores de empanadas e mais de 40 de pizza na pedra. O local é bem pequeno (só duas mesinhas), pois faz mais entregas (4808-0407, 4807-6410 e 4805-7715), mas é tudo gostoso, sai rápido e o preço é ótimo. Promoção de pizza muzzarella grande (6 fatias) + 6 empanadas $170, 3 empanadas e um refrigerante (gaseosa) $60, 14 empanadas $185. Aberto de 11-15h e 19-24h.
Na série de artigos para Explorar Buenos Aires, vamos ao segundo, Região Central da cidade, San Telmo e Porto Madero. Todos os preços estão em pesos argentinos de jan/2016.
Na região central de Buenos Aires estão vários dos principais cartões postais da cidade. Veja as indicações no mapa esquemático acima. Além do próprio Centro, boa parte dos atrativos dessa região central está formalmente no Bairro Montserrat, no eixo Avenida de Mayo — da Casa Rosada ao Congresso. Veja os limites no Google Maps:
Obelisco (cruzamento das Avenidas 9 de Julho e Corrientes): considerado por muitos o principal emblema da cidade, com 67,5m de altura e 6,8m de lado na base, inaugurado em 1936 para comemorar o quarto centenário da primeira fundação de Buenos Aires. A própria 9 de Julho é um atrativo, considerada a mais larga avenida do mundo em pistas de rolamento.
O belíssimo e suntuoso Teatro Colón (Cerrito 628, entre Tucumán e Viamonte), de 1908 e restaurado em 2010, oferece visitas guiadas (em espanhol) com entrada pela lateral Tucumán 1171, de 9-17h (no verão, o fim estava estendido até 19h), iniciando a cada 15 minutos, com duração aproximada de 50min. $180 para turistas, menores de 7 anos não pagam.
Ao fundo do Teatro está a Plaza Lavalle e o Palacio de Justicia de la Nación (também conhecido como Tribunales), sede da Corte Suprema da Argentina. Aproveite que está por perto, dê uma volta na praça e tire umas fotos.
Na quadra seguinte ao Teatro, ao lado da casa de show Tango Porteño, almoçamos no Cafe Metro Bar (Cerrito 528), que serve pratos e lanches. Lugar pequeno e um pouco quente, mas comida boa e preço razoável.
Congresso Nacional (Av. Entre Rios [continuação da Callao] entre Av. Rivadavia e Hipólito Yrigoyen): a 1km sudoeste do Obelisco está a Plaza del Congreso que, ao final dos gramados, tem uma bela fonte com a escultura “Monumento aos dois Congressos” de 1914, simbolizando a Assembleia de 1813 e o Congresso de Tucumán de 1816 (quando se declarou a Independência Nacional). Ao fundo está o Congreso de la Nación Argentina com sua imponente cúpula, edifício inaugurado em 1906, onde funciona o Senado e a Câmara dos Deputados.
El Ateneo Grand Splendid (Av. Santa Fé 1860, entre Callao e Riobamba): Buenos Aires foi destacada em 2011 como Capital Mundial do Livro pela UNESCO, e segundo estudo do World Cities Culture Forum 2014, é a cidade do mundo com mais livrarias. Proporcional a tal grandeza, a centenária rede de livrarias El Ateneo (fundada em 1912) ocupou o grandioso espaço do antigo teatro de ópera Grand Splendid, construído em 1919, com 120 mil livros em suas prateleiras, um ótimo e moderno espaço infantil no subsolo (planta baixa) e um bar no antigo palco. Eleita pelo jornal britânico The Gaurdian em 2008 como a segunda livraria mais bonida do mundo! Seg-qui 9-22h, sexta e sábado 9-24h, domingo 12-22h. Fica um pouco “desgarrada” a quase 2km noroeste do Obelisco, mas ainda na região central. Vale a visita. Dica: Lá comprei para meu filho o instrutivo jogo de cartelas perguntas-e-respostas Abremente, da Catapulta Junior, disponível para várias faixas de idade ($139).
Café Tortoni (Av. de Mayo 825, entre Esmeralda e Suipacha): Amplo e elegante café portenho inaugurado em 1858, ainda conserva a bela arquitetura e o charme originais do século 19. Ao fundo, o Salon Alfonsina é uma milonga de tango, e a Sala Cesar Tiempo é um relicário. A comida é boa (nenhuma fritura no cardápio, segundo o garçom). Monumento e comidinhas. Um medialuna con jamón cocido y queso (croissant [traduzido literalmente, seria meia-lua] com presunto e queijo) custa $54, um jugo de naranja exprimido (suco de laranja natural) $56. Não é restaurante, mas Um bife de lomo con jamón, queso, tomate, huevo y palma (filé mignon com presunto, queijo, tomate, ovo e palmito) alimenta uma pessoa por $170.
Agora vamos a leste da Av. 9 de Julho.
Dica: Considerando o horário dos museus e monumentos em torno da Plaza de Mayo, melhor ir de quarta a domingo. A Casa Rosada só abre ao público nos fins de semana.
Já vimos a sede do judiciário e do legislativo nacionais. Completando os três poderes, na Plaza de Mayo está a Casa Rosada (Casa de Gobierno, Presidencia de la Nación). Este palácio, sede do Governo Nacional (executivo), ocupa o espaço onde foi construído o Forte de Buenos Aires em 1580. Visitas só nos fins de semana. Museu do Bicentenário (Av. Paseo Colón 100) ao fundo do Palácio funciona qua-dom de 10-18h, entrada gratuita.
Ao redor da praça ainda se encontram o Cabildo (Bolívar 65, entre Av. de Mayo e Hipólito Yrigoyen) — Museo Histórico Nacional del Cabildo y la Revolución de Mayo, visitas guiadas de qua-dom 15h30; e a Catedral Metropolitana de Buenos Aires (Av. Rivadavia com San Martin), onde em uma das várias capelas, guardada por dois soldados de honra, descansam os restos do Capitão-General San Martin. Visitas guiadas ao mausoléu e cripta da Catedral seg-sáb 11h45. Dica: Depois da missa das 12h30 (de 2ª a 6ª) há uma bonita benção às futuras mamães.
Na esquina entre o Cabildo e a Catedral Metropolitana está a do Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires (esquina Av. de Mayo, Bolívar e Av. Rivadavia). Atrás do Cabildo está a Casa de la Cultura de la Ciudad (ex Diario La Prensa), um dos edifícios do século XIX (1898) mais luxuosos da cidade.
Calle (rua) Florida: A rua Florida foi a primeira a ter os primeiros trechos destinados exclusivamente a pedestres em 1913, e se tornou um calçadão em toda sua extensão de 1100m em 1971, da Av. Rivadavia (próximo à Praça de Maio) até a rua Marcelo T. de Avelar, na Praça San Martin. Com intenso trânsito de pedestres, ao longo de suas 10 quadras se instalam inúmeras lojas e galerias comerciais, além de kioscos, lanchonetes, bancos etc. Realmente tem muitos canteiros centrais floridos, bem como bancas de revistas. Frequentemente recebe iluminação decorativa. Em meio à multidão, ficam os arbolitos (agenciadores de câmbio paralelo) e agentes de viagem aos gritos tentando abordar os transeuntes. Por ser área turística, os preços por ali não costumam ser pechinchas para compras.
Galerías Pacífico (Florida com Av. Córdoba): na altura do número 800 da Florida, vale conhecer este shopping de três andares, cujo belo edifício foi declarado monumento histórico nacional em 1989. Lá dentro sua arquitetura emoldura as lojas, com destaque para os murais da linda cúpula central (onde começam visitas guiadas de 20min, seg-sex 11:30 a 16:30). Funciona seg-sáb 10-21h, domingo 12-21h.
Se chegar ao fim da rua Florida, pode conhecer também a Plaza San Martín, uma das mais antigas da cidade, e seguindo uma quadra pela rua Corina Kavanagh, a Basílica del Santísimo Sacramento (San Martín 1039).
De San Telmo a Porto Madero
Ao sul da Plaza de Mayo está o bairro histórico de San Telmo. A leste está Porto Madero. Ligando os dois está o bairro San Miguel, onde um divertido caminho é opção de passeio. É bom reservar um dia para esse circuito, que se for incluir a Feira de San Telmo, deve ser um domingo.
Feira de San Telmo (Humberto Primo 400) — Feria de San Pedro Telmo, ou Feria Plaza Dorrego — é uma famosa feira de antiguidades e artesanato que ocorre somente aos domingos de 10-17h. Começa na praça Dorrego na esquina de Humberto Primo e Defensa, mas as barracas se estendem por várias quadras ao longo da rua Defensa (quando fui, passavam da estátua da Mafalda na esquina com Av. Chile), além dos antiquários e lojas abertos no caminho.
Vale também uma visitinha à igreja da Parroquia San Pedro González Temo (Humberto Iº 340, entre Plaza Dorrego/Defensa e Balacre) de 1806, com museu aberto ao público aos domingos de 15:30-18:30 e visita guiada (dom) às 16h.
Na rua Defensa e proximidades há vários restaurantes e cafés. Em 2009, por dica dos próprios argentinos, tínhamos ido ao El Desnivel (Defensa 855) e comido um ótimo churrasco, mas voltamos agora e, infeliz trocadilho, sentimos o desnível: o bife de chorizo (corte argentino de contrafilé) estava horrível, duro e entranhado com gorduras enervadas, e malpassado embora tenhamos pedido de ao ponto para bem passado. Se quiser uma boa parrila (churrasco) na região, o blog Aires Buenos indica dois em San Telmo (jan/2015), mas não conferi.
Paseo de la Historieta: Finalmente uma atividade boa para crianças! Circuito de 2km de caminhada por ruas passando por estátuas de personagens populares de cartunistas argentinos. Começa com a famosa Mafalda (Av. Chile 371, com Defensa) de Quino, depois Isidoro Cañones (Av. Chile com Balacre), vira na Balacre passando por mais três pontos de personagens até as Chicas Divito (Balacre com Av. Belgrano), depois segue pela Av. Belgrano passando pela praça onde está o Gaturro (seria concorrente do Garfield?) de Nik e outros personagens chegando ao Don Nicola no cruzamento da Av. Alicia Moreau de Justo em Puerto Madero. O caminho segue atravessando a passarela sobre o rio completando os 16 pontos de personagens até o Museo del Humor (Av. de los Italianos 851), mas paramos no Don Nicola (11º), para passear em Puerto Madero. Dica: No domingo, muita gente que vai à Feira de San Telmo aproveita para tirar foto na Mafalda, então dá fila para tirar foto.
E finalmente se chega a Puerto Madero (Porto Madero), local altamente turístico, para agradável passeio de dia ou de noite! Antigo porto da cidade, projeto do comerciante Eduardo Madero aprovado em 1882 e inaugurado em 1897, ficou rapidamente obsoleto para o tamanho dos navios de carga. A área ficou abandonada por mais de 50 anos até que em 1989 um projeto de revitalização liderado pela Corporación Antiguo Puerto Madero S.A. recuperou 170 hectares para habitação e espaço público, e se tornou o bairro mais jovem da cidade. Tem um polo gastronômico repleto de restaurantes charmosos (e caros…) ao longo da Av. Alicia Moreau de Justo com vista para os diques, em uma margem, e um horizonte de modernos arranha-céus na outra margem. Ficam ali a Puente de la Mujer (Ponte da Mulher), popular cartão-postal, dois navios-museu ancorados nos diques, dentre outros atrativos. Meu filho curtiu muito o Buque Museo Fragata ARA Presidente Sarmiento (passeio Juana Manuela Gorriti 600, ancorado no Dique 3), mas exige extremo cuidado (risco de queda) nas escadas, convés e sala de máquinas; todos os dias 10-19h ($5).
Falamos de quase vinte atrações turísticas, e ainda tem muito mais.
Em uma série de artigos, vou abordar o que descobri e sugiro para explorar Buenos Aires, a bela capital da Argentina, e suas redondezas. Os artigos incluem dicas e sugestões para quem viaja com crianças, mas o conjunto das informações visa turistas em geral.
Buenos Aires, formalmente Ciudad Autónoma de Buenos Aires (Cidade Autônoma equivale a nosso Distrito Federal) — abreviada como CABA, ou BsAs “para os íntimos” — é uma grande, linda e bem estruturada cidade situada na região centro-leste da Argentina, à margem do Rio da Prata (Río de la Plata), fazendo divisa com o Uruguai.
CABA está cercada pela Província (Estado) homônima de Buenos Aires, mas a Cidade Autônoma não pertence à província e é Capital Federal do país, enquanto a capital da província é La Plata. Em área metropolitana, Buenos Aires só perde para São Paulo na América do Sul.
O clima é agradável para visitas em qualquer época do ano. Janeiro é o mês mais quente em Buenos Aires, com temperaturas chegando à casa dos 30 °C, e o mais frio é julho, com temperaturas em torno de 10 graus. Não chove muito em Buenos Aires, sendo o período mais seco de julho a setembro. Mesmo no verão, é recomendável levar um agasalho leve, para alguma eventual frente fria.
Em 2009, fiz um passeio vapt-vupt de quatro dias em Buenos Aires, conheci superficialmente os principais pontos turísticos e fiquei com gostinho de quero mais. Agora em 2016, tive a oportunidade de passar vários dias na Capital da Argentina e relato nessa série minhas experiências para você poder explorar essa bela cidade e suas redondezas.
No presente artigo, falo sobre documento, câmbio, transporte, internet, celular e tomadas.
Documento de identidade
Não é necessário visto e você pode entrar na Argentina (e em outros países do Mercosul) com Passaporte, ou com a Cédula de Identidade Civil emitida por uma Secretaria de Segurança Pública Estadual. Não são aceitas carteira de motorista, carteiras de identidade profissional (OAB, CREA etc.) e outros documentos de identidade, nem certidão de nascimento (mesmo para recém nascidos ou bebês). Para passaporte, é recomendável restar mais de três meses de validade, e se carteira de identidade, deve estar em bom estado e com foto recente. Mais informações no Consulado Brasileiro.
O Passaporte tem algumas vantagens. Nele mesmo ficam os carimbos de entrada e saída do país, necessário na Imigração. Além disso, é fácil e rapidamente escaneado para identificação na Imigração. Se for utilizar Cédula de Identidade, a primeira vez que se entra na Argentina com ela, a imigração faz um cadastro manual no momento do guichê de entrada, o que toma um tempinho a mais, e você recebe um papel à parte contendo o carimbo de entrada, que deve ser preservado durante toda a viagem e apresentado na saída do país. Não perca o carimbo de entrada, viu!
Câmbio
A Argentina atravessou nos últimos anos um período de bastante inflação e regulação do câmbio oficial de moeda estrangeira. Assim, o melhor é procurar as informações mais atualizadas possíveis próximo ao início da sua viagem. Falo aqui da época em que fui.
Dinheiro ou cartão? Dólar ou Real?
Não sou especialista, mas não acho economicamente vantajoso utilizar cartões de crédito/débito internacional ou pré-pagos em moeda estrangeira (tipo Visa Travel Money), por vários motivos: primeiro, o imposto (IOF) de 6,38% sobre cartões atualmente cobrados no Brasil; segundo, o câmbio de conversão para Pesos Argentinos praticados pelos cartões em geral é pior que o câmbio de dinheiro em notas; terceiro, há várias situações onde não é viável ou prático usar cartão, e ao fazer saques no exterior os cartões cobram taxas, bem como limitam o valor máximo de saques. Os únicos pontos a favor dos cartões são a segurança e o controle. Você decide se quer pagar o preço. Eu preferi levar dinheiro em notas, e deixar cartões como backup de emergência.
Para levar notas, como comprar dólares também tem imposto no Brasil, 0,38%, e o real no momento estava razoavelmente valorizado na Argentina, então achei mais prático levar reais mesmo. Mas dólar sempre é dólar…
Onde fazer câmbio de reais (ou dólares) por pesos argentinos
Desde 2011, quando Cristina Kirchner instituiu o controle sobre venda de moeda estrangeira na Argentina, o país viu nascer um mercado paralelo de câmbio, conhecido localmente como “cambio blue“. É uma atividade ilegal porém tacitamente tolerada, em casas de câmbio paralelo chamadas “cuevas“.
Contudo, o novo Presidente Mauricio Macri (tomou posse em dez/2015) liberou a flutuação do câmbio oficial, e no momento em que escrevo este artigo, estava valendo a pena fazer o câmbio de dólares ou reais por pesos argentinos diretamente no Banco de la Nación Argentina. A página principal do site do banco exibe um quadro com as cotações de compra de reais, dólares e euros do dia.
Para fazer câmbio no Banco de la Nación, é necessário apresentar o documento (passaporte ou CI) que será fotocopiado. Eles também exigem que se assine uma via do recibo da operação de câmbio, e entregam outra.
Banco de la Nación: Há agências de câmbio do banco nos aeroportos Ezeiza e Aeroparque Jorge Newbery, que funcionam 24 horas, 365 dias por ano. Quando comprei, o câmbio estava limitado a R$ 1.000,00 (mil reais) por pessoa. No centro da cidade, pelo que me informei em uma agência do banco, a única que faz câmbio de reais é a Sucursal Plaza de Mayo, agência central do banco que ocupa toda a quadra, com entrada pela calle (rua) Mitre 326 (uma portinha rotativa discreta, quase na esquina) ou Av. Rivadavia 371, na Plaza de Mayo (a praça da Casa Rosada), subsolo, em horário bancário (segunda a sexta, 10 às 13h). Nesta agência central, era possível trocar mais de mil reais. Atualização: Ricardo Freire (blog Viage na Viajem) alertou em 25/jun/2016: Câmbio em Buenos Aires: não está valendo a pena trocar reais no Banco Nación!
O blog Viaje na Viagem, de Ricardo Freire, nos artigos Que moeda eu levo para a Argentina (jan/2016, atualizado 2016-06-24) e Buenos Aires: dossiê câmbio e transfer cita também casas de câmbio oficial, várias na Av. Sarmiento, que poderiam ter uma cotação ligeiramente melhor, mas não procurei.
As cuevas (casas de câmbio paralelo), muitas vezes disfarçadas de agência de viagem ou loja de numismática, ou mesmo em salinhas escondidas de prédios, várias com agenciadores (“arbolitos“) que ficam em locais de grande movimento turístico como a Florida oferecendo câmbio aos gritos, tem riscos (notas falsas, por exemplo). Entre os dias 1 e 19 de jan/2016, enquanto o câmbio oficial do Banco Nación começou 3,90 depois passou a 3,75, consultamos algumas cuevas na região da Florida e os câmbios estavam entre 3,60 e 3,90. Ou seja, na época desse artigo, o câmbio paralelo não estava tão vantajoso.
Posso pagar direto em reais?
Muitos estabelecimentos e taxistas aceitam pagamento também em real ou dólar, mas não recomendo arriscar. O fator de conversão em geral é pior, pode dificultar troco, e aumenta risco de erro de contas na hora de pagar. Eu preferi trocar pesos no Nación dentro da minha expectativa de gasto.
Transporte
Buenos Aires tem uma ótima estrutura de transporte público, que inclui muitos taxis, ônibus (colectivos), linhas de metrô subterrâneo (subte) e trens suburbanos. As principais avenidas tem muitas faixas de rolamento (a 9 de Julho chega a ter 22!).
Traslado dos aeroportos
O Aeroporto Internacional de Ezeiza ao sul da cidade é mais afastado do centro, fica a 18km do Obelisco. O Aeroparque Jorge Newbery, ao norte de Palermo às margens do Rio de la Plata, fica a 10km do Obelisco. Nos dois aeroportos, você terá opção de: taxi, nos pontos sinalizados fora do aeroporto; transfer remis em vans ou caros de aluguel, como o Tienda León, contratados e pagos antecipadamente nos guichês da empresa dentro do aeroporto; ônibus de transfer que levam a pontos predefinidos da cidade.
Chegamos pelo Aeroparque no feriado de 1º de janeiro, e as opções de transporte estavam escassas. Como éramos quatro pessoas com malas, não encontramos rapidamente um taxi que nos comportasse. Voltamos ao interior do aeroporto e optamos então por um remis, e mesmo assim só na terceira tienda (guichê de empresa) havia disponibilidade, Transfer Express, com espera em torno de 20 minutos. O transfer até nosso endereço em Palermo custou $258 (pesos argentinos), em uma confortável Renault Cangu. Um taxi custaria em torno de $100, pelo taxímetro.
A cidade tem uma vasta frota de quase 40 mil taxis, de cor preta com teto amarelo, praticando duas faixas de tarifa: a normal, com uma bandeirada inicial e um acréscimo a cada 200m ou cada minuto parado, e uma tarifa noturna 20% mais cara entre 22h-6h. O site Taxista Virtual calcula o valor de uma corrida de taxi em Buenos Aires (e outras cidades argentinas) quando se fornece os endereços de origem e destino.
Como existem taxistas desonestos (não é maioria e não precisa ficar paranoico, mas fique atento), eis dicas de segurança para tomar taxis:
Fuja dos taxistas que se oferecem fora do carro, no desembarque dos aeroportos e outros pontos de concentração (como o desembarque de buque em Porto Madero, como verá no artigo sobre Colonia), que costumam ser os espertalhões. Prefira dar sinal para um taxi passando, solicitar um radio taxi por telefone ou usar um aplicativo celular (Easy Taxi é bem usado na Argentina).
O usual é entrar pelas portas de trás. Ao entrar, confira se atrás dos bancos dianteiros estão dependuradas as placas de identificação do condutor e do veículo oficiais da prefeitura. Confira se o taxista liga o taxímetro com a bandeirada correta.
Muitos taxistas usam GPS que localiza destino com rua e número, mas é recomendável você saber informar o destino ao estilo portenho, pelo cruzamento mais próximo: ao invés de dizer “Posadas 1515”, diga “Posadas y Callao“, ou “Posadas entre Callao y Ayacucho“. O cruzamento dá uma noção mais precisa do local ao taxista.
Na dúvida, pergunte uma noção do valor aproximado até o destino. De preferência, já tenha essa noção consultando o Taxista Virtual. Se tiver que pagar em outra moeda, pergunte antes se o taxista aceita e qual a conversão.
Golpes comuns relatados sobre taxistas desonestos são receber uma nota de 100 pesos verdadeira sua e recusar devolvendo uma falsa trocada, ou alegar que você deu 10 ao invés de 100 pesos. Por isso, Não tome taxi só com notas de 100 pesos, e entregue as notas uma a uma contando e fique de olho.
Exemplos de custo de taxi em jan/2016: uma corrida média de uns 6km (tipo entre Palermo e Casa Rosada) na cidade costuma ficar em torno de $60 pesos. Uma corrida mais longa (tipo entre Caminito e Palermo) estava perto de $150.
Coletivos
Taxis em Buenos Aires são mais baratos que no Brasil, mas o transporte coletivo (metrô, ônibus e trem) é muito barato e cobre a maior parte da cidade e redondezas. Se quiser uma locomoção econômica em Buenos Aires, pode deixar os taxis apenas para locais e horários mais difíceis.
Para usar o transporte coletivo, a primeira medida essencial é comprar e carregar crédito em uma Tarjeta SUBE (cartão SUBE), vendido em mais de 4 mil pontos na cidade, como loterias, kioscos (lojinhas de conveniência) e outros.
O cartão SUBE tem custo de aquisição, mas as passagens de metrô e ônibus são mais baratas com ele, então se paga rapidamente. Além disso, é super prático e rápido, basta encostar no local próprio nas roletas de entrada do metrô ou no aparelho na entrada dos ônibus. E desde 10/dez/2015, as linhas de ônibus nem aceitam mais moedas, só SUBE.
Em jan/2016, o cartão custava 25 pesos. Ele é vendido zerado, e em geral no próprio ponto de venda é possível dar carga. Uma corrida de metrô ou ônibus estava em torno de $4, então calcule quanto será necessário. Os pontos de carga não cobram nenhuma taxa extra. Curiosamente, estações de metrô costumam ter guichês para carga, mas não vendem o cartão.
Crianças de colo não pagam corrida. Não há problema em várias pessoas usarem o mesmo cartão, desde que haja crédito suficiente, claro.
Em geral, as pessoas são educadas para ceder lugar para pessoas com criança de colo, grávidas, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.
O site governamental Como Llego indica as opções de transporte, dados origem e destino. Funcionou perfeitamente. Mais adiante, falarei de aplicativos para celular.
Subte (metrô, subterrâneo): Buenos Aires tem 6 linhas de subte, identificadas por cores, 4 leste-oeste e 2 norte-sul, e vários pontos de combinación (conexão interna entre linhas, não paga outra passagem). Veja o mapa oficial. A tarifa avulsa em jan/2016 era $5, mas com o cartão SUBE, o valor é regressivo de $4,50 até $2,70. Funcionam todos os dias das 5h até em torno de 22h (veja tabela exata de horários). Em geral, passa um comboio a cada 3 a 10 minutos.
Curiosidade: Quando estive em Buenos Aires em 2009, a linha “A”, mais antiga, ainda circulava com os vagões belgas em operação desde 1913, com bancos em madeira. Eram uma atração! Para tristeza dos saudosistas mas segurança e comodidade dos passageiros, estes vagões foram substituídos em 2013 por trens modernos, de fabricação chinesa.
Colectivo (ônibus): Tem mais de 100 linhas na região metropolitana. Os pontos costumam ser bem identificados e também há um sistema de cores das linhas. A entrada é pela porta da frente, e descida pela central ou traseira. É importante saber que os recorridos (trajetos) são divididos em seções (de 3km cada), então na entrada, informa-se ao motorista o destino (preferencialmente cruzamento) e ele pressiona um botão correspondente que define a tarifa de acordo com o número de seções, para em seguida você pagar. Em jan/2016, as corridas que fiz variaram de $3,00 a $3,50 com a Tarjeta SUBE.
Buenos Aires é uma cidade “wi-fi friendly”, com vários pontos do BA WiFi grátis da prefeitura e também muitos estabelecimentos que oferecem wi-fi aos clientes. Muitos cafes tem inclusive tomadas perto das mesas para você ligar o carregador de seu celular, tablet ou laptop.
Ainda assim, se você é daqueles que não pode passar um minuto sem internet no seu celular, há boa cobertura 3G e 4G na cidade. Considerando os preços abusivos das operadoras de celular brasileiras no exterior, eu optei por comprar um chip pré-pago na Argentina. Em Buenos Aires há três operadoras: Movistar, Personal e Claro.
Em alguns blogs, recomendava-se a Movistar. Mas no dia 1º de janeiro em que chegamos, procuramos uma loja Movistar e atenderam mal e informaram que a rede estava com problema, então comprei um Personal. Funcionou bem em todos os lugares de Buenos Aires. Chips são vendidos em praticamente qualquer dos muitos kioscos (lojinhas de conveniência) e bancas de revistas, além das lojas próprias das operadoras. Em geral são fornecidos em tamanho normal e eles podem cortar para micro. O chip nano é mais específico, talvez seja melhor procurar uma loja da operadora (o meu é micro).
Assim como no Brasil, as operadoras tem vários planos e promoções, e entender pode ser confuso. O pré-pago da Personal que comprei em um kiosco custou $30 pesos e já vinha com $20 de crédito. No próprio kiosco pus mais $5 de crédito inicial, mínimo necessário para ativar o chip. Ativou em poucos minutos. O plano Personal com Tarjeta cobra $4,20 por 30MB de internet por dia (se esgotar a franquia em um dia, pode-se adicionar mais 30MB via SMS). Cadastrando uma clave (senha) no site, é possível consultar o histórico de consumo.
Aplicativos para celular que sugiro instalar para uso em Buenos Aires:
Moovit, aplicativo de transporte público que funciona em diversas cidades do mundo, inclusive Buenos Aires, mostrando inclusive horário de previsão de chegada do próximo ônibus ou metrô no ponto/estação.
Easy Taxi, se quiser chamar um taxi por aplicativo.
Guía Óleo de Restaurantes e Bares em Buenos Aires.
XE Currency Converter, conversor de cotações entre moedas, não é super atualizado, mas é um referencial rápido e prático a qualquer momento.
Aproveitando que falei de dispositivos móveis e carregadores, é bom falar também da eletricidade na Argentina. A energia em Buenos Aires é 220V e 50Hz, e a tomada de 3 pinos chatos (fase-neutro diagonais e terra vertical, tipo “I”, o mesmo da Oceania).
Quanto à voltagem e corrente, atenção ao seu aparelho. A maioria dos carregadores trabalha com voltagens 100-240V e frequência 50-60Hz. Mas considerando que a voltagem mais comum no Brasil é 110V e a frequência 60Hz, verifique antes de viajar seus aparelhos para não ter problemas, ou ter que sair correndo atrás de um transformador.
Algumas tomadas têm dois furos de entrada simultânea para os plugues brasileiros antigos (tipo “C”) de 2 pinos cilíndricos (fase-neutro) sem terra, mas não conte com isso. Se você tem carregador de laptop ou outro aparelho com o novo padrão brasileiro de três pinos, então, pior ainda.
Minha indicação: compre um bom adaptador universal de tomadas. Eu comprei um no duty free Elago Tripshell World Travel Adapter com duas entradas USB, por USD 35 (dólares americanos). Funcionou bem. Note que ele resolve o problema dos plugues, não da voltagem e frequência, ou seja, não é um transformador de corrente!
O próprio Governo da Cidade disponibiliza ricas fonte de informações turísticas na web, incluindo Portal de Turismo (disponível em Português) que cito em vários links ao longo dos artigos, a Agenda Cultural BA e o utilíssimo Mapa Interativo de Rotas ¿Cómo Llego?.
A propósito, você pode solicitar via web sua Tarjeta VOS, um cartão de benefícios que dá desconto em várias atrações e estabelecimentos, e retirá-lo em um dos Centros de Informações Turísticas (CIT). Por exemplo, no Zoo de Buenos Aires, tive 50% de desconto. Veja a lista completa de benefícios. Dica que me foi dada pela funcionária do posto de informações turísticas: prefira usar o tipo de documento Cédula de Identidade Brasileira e preencha o número sem letras, somente dígitos, pois assim é aceito em alguns serviços como EcoBici de bicicletas públicas.
Há também ótimos blogs de viagem em geral e blogs de brasileiros específicos sobre Buenos Aires, como o Aires Buenos, Brasileiros por Buenos Aires, Buenos Aires para Chicas, dentre outros. É sempre importante verificar se são informações atualizadas: consulte a data dos artigos e veja comentários recentes.
Eu também fiz uma mapa personalizado de atrações em Buenos Aires no Google Maps, de onde tirei imagens que ilustram os artigos que se seguem.
As ruínas da cidadela Inca de Machu Picchu (na língua quíchua, significa “montanha velha”), no Peru, são o mais importante sítio arqueológico da América do Sul.
Descoberta em 1911 pelo explorador norte-americano Hiram Bingham, Machu Picchu é considerada uma das mais extraordinárias mostras da engenhosidade e da arquitetura paisagística dos Incas, com construções em pesados blocos de pedra talhados e alinhados com surpreendente perfeição. A cidadela foi encontrada em bom estado de preservação, situada sobre o platô de uma montanha em estrutura de granito a 2.400m de altitude, tendo ao fundo a montanha de Huayna Picchu, considerada sagrada pelos Incas. A cidadela está localizada na provincia de Urubamba, departamento do Cusco.
Completando a série de artigos sobre minha visita ao Peru, este artigo aborda as dicas turísticas para a ida a Machu Picchu. Artigos da série:
Existem vários meios para se chegar a Machu Picchu, a mais famosa ruína do Império Inca, também chamada “cidade perdida dos Incas”.
O meio mais aventureiro é à pé, através da chamada Trinha Inca ou Caminho Inca. É o famoso percurso que começa no km 82 (alternativamente, no km 88) da ferrovia Cusco-Quillabamba, atravessa o canyon das montanhas acima da margem esquerda do rio Urubamba e chega até Machu Picchu depois de quatro dias de caminhada. É uma verdadeira maratona com cerca de 42km de extensão e altitude máxima de 4215 metros. Se este é o seu interesse, listo algumas referências a seguir. Não foi o meu caso.
Eu fiz opção por um meio turístico mais light, que é de trem. A empresa Peru Rail tem trens partindo das estações de Poroy (redondezas de Cusco), Ollantaytambo (Valle Sagrado) ou Urubamba, com destino à estação no povoado de Machu Picchu Pueblo (antiga Aguas Calientes), em diversos horários.
Os trens disponíveis no percurso são o econômico Expedition (“Backpacker” ou “Mochileiro”), o luxuoso e sofisticado Hiram Bingham, e o turístico Vistadome. Optei por este último, que oferece vagões com amplas janelas e teto panorâmico para curtir a bela paisagem no caminho, ar condicionado e assentos confortáveis, a um preço intermediário.
As passagens da Perurail podem ser compradas diretamente no site da empresa pela internet, com cartão de crédito internacional. Ao comprar, esteja de posse do número de seu passaporte (ou outro documento válido) que apresentará para embarcar. Escolha o itinerário, trem, dia e horário. Depois basta imprimir e levar os tíquetes individuais com código de barras.
Se você precisar de algum ajuste de última hora, existem agências da Perurail bem na Plaza de Armas em Cusco, no Centro Comercial Larcomar e no Aeroporto Internacional em Lima, dentre outros. Eu por exemplo troquei de assentos (para sentar junto com minha companheira) na agência de Cusco, pois pela internet não consegui escolher assentos contíguos.
A viagem de trem para Machu Picchu leva cerca de 4 horas partindo da Estação Poroy, 3h partindo da Urubamba, ou 2h partindo de Ollantaytambo.
Algumas pessoas optam por fazer um passeio turístico de ônibus ou carro partindo de Cusco rumo às cidades e ruínas do Valle Sagrando até Ollantaytambo, e de lá tomam o trem para Machu Picchu.
Eu preferi sair de Cusco. Na verdade, a Estação Poroy é no vilarejo a cerca de 40 minutos de carro do centro de Cusco. Consegue-se facilmente taxi para fazer os trechos de ida e volta entre Cusco e Poroy.
Para quem sai de Cusco rumo a Machu Picchu e depois retornará a Cusco, como foi meu caso, minha dica é levar apenas uma pequena mochila com roupas e acessórios necessários. Os hotéis em Cusco costumam oferecer guarda-volumes gratuito para que você desocupe o quarto e deixe lá as malas enquanto estiver fora.
É essencial ter um bom repelente de mosquitos em Machu Picchu. Os mosquitos por lá são muitos e picam para valer. Sugiro comprar nas farmácias em Cusco, deve ser mais barato que em Machu Picchu.
Também é essencial hidratar-se com água ou isotônico nas horas de passeio a pé pelas ruínas, e mais ainda se for fazer a escalada da montanha Huayna Picchu. Pode-se levar uma garrafinha (de preferência com bico tipo “squeeze”) ou cantil.
O clima de Machu Picchu é chuvoso durante todos os meses de verão (dezembro a março). Entre maio e setembro, não são raros chuviscos. As temperaturas máximas alcançam 27º C, enquanto as mínimas raramente descem de 11º C.
Em agosto, estava um tempo estável, aberto e agradável, ligeiramente frio em torno de 15º C.
Cusco – Machu Picchu – Cusco em 39 horas
Meu roteiro:
Dia 26 às 5h da madrugada: saída de Cusco de taxi para a Estação de Poroy. Tempo de percurso: em torno de 40 minutos.
06h23 da manhã em Poroy: embarque no trem Vistadome.
06h53 da manhã: Partida do trem Vistadome rumo a Machu Picchu.
~11h da manhã (aprox.): chegada a Machu Picchu Pueblo. Passagem obrigatória pela feira de artesanato que cerca a estação de trem. Buscar hotel e instalar-se.
~13h: compre a entrada para Machu Picchu e a passagem do ônibus de ida (preços tabelados). Almoçar (barganhe o preço) e depois passear pelo pequeno povoado.
~18h: jantar ou lanche leve e vá deitar cedo. Se quiser tomar um dos primeiros ônibus para Machu Picchu, terá que madrugar. Informe-se e deixe tudo pronto para sua saída do hotel.
Dia 27 ~3h da madrugada: faça o checkout e vá para a fila do ônibus.
~5h: início da partida dos micro-ônibus rumo ao Parque Arqueológico de Machu Picchu.
~5h30: fila para a entrada do Parque Nacional. Organizadores passarão carimbando as entradas daqueles que quiserem subir em Huayna Picchu. Enquanto espera, aproveite para se deslumbrar com o suntuoso hotel Machu Picchu Sanctuary Lodge (diárias em torno de US$ 1 mil!).
~6h30: entrada. Pegue um mapa. Provável que a neblina ainda cubra tudo.
~7h até as 10h: explore as ruínas da cidade, planejando-se para chegar à entrada para Huayna Picchu em torno das 10h. Descanse um pouco.
~10h30: entrada e início da escalada para Huayna Picchu. Muito cuidado, tranquilidade e, principalmente, fôlego!
~11h30: chegando ao topo, descanse bastante e curta a a paisagem deslumbrante.
~12h30: prepare-se para iniciar a descida. Muita calma, cuidado e Deus ajude seus joelhos.
~13h30: retorno à entrada do Parque. Na saída, não esqueça de carimbar seu passaporte com o carimbo turístico de Machu Picchu.
~14h: ônibus de volta ao Pueblo. Há ônibus chegando e retornando com frequência.
~14h30: almoço e retorno à Estação de trem.
15h30: embarque no trem Vistadome.
16h00: partida do trem Vistadome rumo a Cusco.
Dia 27 ~20h: chegada à Estação Poroy. Tome um taxi para Cusco.
Espero que tenha um bom retorno e uma ótima e merecida noite de descanso!
Machu Picchu Pueblo (antiga Aguas Calientes)
Ainda de dentro do trem Vistadome, numa pequena parada de manobra já quase chegando ao destino, foi possível avistar a montanha Huayna Picchu pelo teto panorâmico do vagão.
A pequena Machu Picchu Pueblo, antigamente chamada Aguas Calientes, é estação final do trem vindo de Cusco e Ollantaytambo e povoado mais próximo do parque histórico. É praticamente uma base de apoio do destino final, onde mochileiros e turistas em geral encontram onde comer e repousar e se preparam antes de entrar no parque arqueológico de Machu Picchu.
Ao norte da cidade (800m do centro do povoado) existem as fontes de águas termais sulfurosas quentes (entre 38° e 46°C) que emergem do solo rochoso, com poços com uma infraestrutura para banhos termais. Mas quem já foi disse que não vale a pena, então nem me dei ao trabalho de conhecer.
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Créditos: Editado da imagem postada por moriel.sp em Mochileiros.com.
O trem de passageiros da Peru Rail chega na estação final à margem sudeste do rio, e ao sair da estação você é obrigado a atravessar o labirinto de estandes do mercado de artesanato até chegar à margem do riacho Aguas Calientes, pequeno afluente do rio Urubamba, que deve ser atravessado por uma das pequenas pontes existentes.
O povoado fica espremido entre o rio Urubamba, seu pequeno afluente, e as montanhas à volta. É repleto de hotéis e hospedarias, restaurantes, bares e cafés em ruelas estreitas e sinuosas. No entorno da praça há também uma capela, uma farmácia, um posto de informação turística (iPeru). Sem lugar para expansão, as construções do povoado se estendem ao longo das margens da linha de trem de carga.
São poucas as opções de hotéis confortáveis em Machu Picchu Pueblo, mesmo porque a maior procura é por hospedarias e hoteizinhos simples que sirvam de pouso para mochileiros com dinheiro curto e para turistas que querem apenas tomar um banho e passar uma noite antes de ir a Machu Picchu, sendo este último o meu caso.
Como eu iria apenas passar uma tarde e uma noite na cidade, e lá pelas 3 da madrugada já iria para a fila do ônibus para o parque histórico, não gostei das poucas opções de hotéis que encontrei na internet: ou eram demais para minha curta estada, ou pareciam suspeitas para arriscar. Deixei então para buscar uma opção diretamente quando chegasse em Cusco.
Comprei na própria agência de turismo em Cusco — onde fechei os passeios — uma diária por US$ 30 (adiantados) no hotelzinho “Oro Verde” (Av. Prolong. Imperio de los Incas, s/n), mas me arrependi. Primeiro, o hotel fica literamente à beira da linha do trem: além de ser super perigoso transitar por ali, dia e noite há baraulho e trepidação de trens passando. A calçada estreita é tudo que separa as edificações da linha do trem, sem nenhuma proteção, e para ir do hotel ao centro do povoado obrigatoriamente tem-se que cruzar os trilhos a pé. Além disso, o que pareceu ser o único funcionário do hotel custou uma eternidade a nos ouvir esmurrando a porta de entrada trancada e vir abrir, quando chegamos cansados da viagem de trem e da busca pela localização do hotel. Por fim, eu não esperava luxo e conforto, mas encontramos até toalhas rasgadas, tudo empoeirado e chuveiros quebrados.
O povoado tem muitos hoteizinhos. Se você quiser apenas uma noite de pouso, deve haver uma opção de hospedagem que lhe agrade no custo-benefício, mas como eu quebrei a cara nesse quesito, vou ficar devendo uma indicação boa.
Em volta da praça e na ladeira que sobe na saída nordeste desta — Passando pelo iPeru –, chamada “Avenida” Pachacuteq, estão a maior parte dos restaurantes.
À noite da chegada, jantei um menu turístico em um restaurante da calle Antisuyo ao sul da praça, após pechinchar o preço na entrada. No almoço voltando de Machu Picchu, na Av. Pachacuteq comi uma boa pizza e jarra de limonada no Chez Maggy, a mesma pizzaria que existe em três endereços em Cusco.
Parque Arqueológico da Ciudad Inca de Machu Picchu
Passagem de ônibus e entrada do parque em mãos? Sigamos!
Quando chegamos ao ponto do ônibus para Machu Picchu, na rua às margens do riacho Aguas Calientes, lá pelas 3 e meia da madrugada, já havia dezenas de pessoas na fila e vários micro-ônibus estacionados. Ali algumas lojinhas de conveniência ficam abertas 24 horas.
Dizem que os portões na base do morro são liberados primeiro para os andarilhos que quiserem subir à pé. Lá pelas 5 da madrugada, depois de quase duas horas de espera sentado no passeio, os micro-ônibus começaram a sair em sequência. Embarcamos no terceiro.
O ônibus gasta em torno de 20 minutos para percorrer rapidamente o trajeto que primeiro margeia o rio Urubamba e, depois de atravessá-lo, toma a sinuosa estrada de terra em ziguezague com 13 curvas em “U” que sobe 400 metros de altitude pela encosta até a entrada do parque arqueológico.
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Fonte: Google Mapas, 2011.
Saindo do ônibus, já se entra na longa fila que começa do lado de fora da portaria e se estende ao lado do hotel Machu Picchu Sanctuary Lodge. Organizadores do parque percorrem a fila carimbando as entradas das 200 primeiras pessoas que quiserem subir a montanha de Huayna Picchu, 100 para entrar no horário de 7 a 8h e mais 100 para 10 às 11h. Às 7h ainda está muito enevoado, então preferi o horário mais tarde, que felizmente ainda estava disponível quando chegou a nossa vez.
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Nossas entradas para o Parque Arqueológico da Ciudad Inca Machupicchu carimbadas com autorização de subida da montanha sagrada Huayna Picchu no horário de 10 a 11h.
Pouco depois a entrada é liberada. Você contorna uma trilha inicial e dá de cara com as maravilhosas ruínas, com a montanha de Huayna Picchu ao fundo.
A subida da montanha é permitida em dois horários, às 7 e às 10 da manhã, cem pessoas em cada horário, previamente autorizadas na fila de entrada do parque.
Para a subida e descida, é essencial estar calçando tênis ou sapato firme e confortável para caminhada, com solado que não derrape, e calça (prefiro do que bermuda, pois protege a perna de mosquitos e vegetação) que permita flexibilidade de movimento.
A trilha é íngrime e sinuosa, cheia de pedras (que podem estar escorregadias) colocadas como degraus em boa parte da encosta. Em vários trechos mais difícies, foram instalados grossos cabos de aço para servir de corrimão. Cuidado e atenção nunca são demais.
O visual das ruínas de Machu Picchu e do entorno, no alto, é incrível! Mas no fim da manhã, em geral o cume de Huayna Picchu está tão lotado que talvez você não consiga acessar alguns pontos do topo. Realmente o limite de pessoas é necessário.
Se você (como eu) não é um atleta ou trilheiro experiente, reserve em torno de três horas para esse desafio, sendo uma hora para subir (e haja fôlego e ânimo!) ao topo, uma hora para apreciar a vista e descansar, e uma hora (e haja joelho e calma!) para descer. No meio do caminho existe uma trilha alternativa para o Templo da Lua, mas deixo essa aos “pros”, eu não encarei.
E para ficar registrado:
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As ruínas da cidade de Machu Picchu vistas do alto da montanha sagrada Huayna Pichu.
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Na descida da trilha de Huayna Picchu de volta a Machu Picchu, foto do marco geodésico pisado por meu pé empoeirado, doído, cansado e muito feliz e satisfeito!
Destination: Machu Picchu (em inglês), um guia de viagem e tour virtual de Machu Picchu e a Trilha Inca no Peru, com fotos 360° e mapas, por Destination360.
O Boleto Turístico del Cusco integral do COSITUC dá direito a entrada em 16 atrações turísticas geridas pelo Instituto Nacional de Cultura (INC), Cusco, Peru, válido por um prazo de dez dias a partir da data de expedição.
Custou S/. 130 (130 novos soles) para turistas estrangeiros em geral, ou S/. 70 para estudantes com carteira de identificação. Peruanos tem tarifa promocional para turismo interno.
O boleto é individual e pode ser comprado na Oficina COSITUC na Avenida Sol nº 103, bem perto da Plaza de Armas, nas Galerias Turísticas da Municipalidad (Prefeitura) de Cusco, das 8h às 18h (fecha mais cedo, às 13h, aos domingos e feriados). Lá também você consegue (gratuito) um mapa turístico de Cusco e redondezas.
O pagamento deve ser feito em efectivo (notas de dinheiro) da moeda local. Na própria Avenida Sol em torno das Galerias Turisticas você encontrará bancos e caixas eletrônicos para saque (em Soles ou Dolar) e também uma profusão de lojas com casas de câmbio para trocar moeda estrangeira (pesquise a melhor cotação entre algumas lojas).
Cada atração no Boleto Turístico pode ser visitada uma vez. Na portaria de cada local, um fiscal faz um furo na posição correspondente do Boleto, indicando que a entrada daquela atração já foi utilizada. Relaciono a seguir as 16 atrações do Boleto Turístico COSITUC.
Uma casa de espetáculo de danças típicas:
Centro Qosqo de Arte Nativo
Quatro museus e um monumento:
Monumento Pachacuteq
Museo de Arte Popular
Museo Histórico Regional (Casa Garcilaso)
Museo Municipal de Arte Conteporáneo
Museo de Sitio del Qoricancha
E dez ruínas:
Pikillacta
Tipón
Saqsayhuaman
Q’enqo
Pukapukara
Tambomachay
Chinchero
Pisac
Ollantaytambo
Moray
Museus e atrações urbanas
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Em um dia inteiro pode-se ver todos os museus do boleto e, à noite, o show no Centro Qosqo. A maioria dos museus abre das 9h às 18h (8h às 13h aos domingos e feriados), exceto a Casa Garcilaso que funciona das 8h às 17h. Os museus ficam em localização bem central, de forma que dá para percorrer todos a pé.
O Museo Qoricancha fica no subsolo do gramado da Avenida Sol ao pé do Templo Coricancha / Convento de Santo Domingo. Recomendo visitar o tempo em si (entrada S/. 10) outro dia, no passeio City Tour, como verá mais adiante.
O Monumento Pachacuteq (9h às 19h, domingo de 8h às 18h) é o único que fica um pouco mais afastado, na via após a Avenida del Sol rumo ao aeroporto, mas também se chega a ele com uns 30 minutos de caminhada a partir da Plaza de Armas. A visitação ao monumento se dá por uma escadaria interna de nove andares, com uma mostra sobre os imperadores Inka em cada andar, até o mirante aberto no alto, junto à estátua.
O show no Centro Qosqo acontece todas as noites, começa às 18h30 e encerra em torno das 20h. Lá pelas 18h já costuma haver fila para quem quer garantir os lugares mais perto do palco, mas o teatro é relativamente amplo. No intervalo, pode-se visitar a sala de roupas típicas.
Em todos os museus, é proibido fotografar ou filmar as antiguidades em exposição, mesmo sem flash. Já o show de dança eu pude registrar à vontade.
Se fizer essa mini maratona turística em um dia, sugiro terminar a noite tranquilamente após o show de dança típicas, curtindo a gastronomia e a paisagem de um dos muitos cafés ou restaurantes em torno da Plaza de Armas, a maioria deles com balcão panorâmico no segundo andar.
Quatro passeios que podem ser comprados nas agências de viagem e turismo de Cusco lhe oferecerão transporte (ônibus ou van, dependendo do tamanho do grupo formado) e guia turístico (falando castellano e, alguns, também inglês; sem português) para visitar todas as ruínas do Boleto Turístico e mais algumas atrações não controladas pelo COSITUC, cuja entrada deve ser paga à parte no local.
Os buses turísticos em geral saem da Plaza Cusipata, que fica a uma quadra da Plaza de Armas.
Eu comprei os quatro passeios da Puma’s Trek Perú, que fica no segundo andar da galeria Portal Comercio nº 141, uma das muitas portinhas no passeio de comércio da Plaza de Armas. Segui a indicação de uma amiga que já havia negociado o bom preço total de S/. 90 por pessoa (incluindo bufet de almoço em Urubamba, no Vale Sagrado), depois de muita pechincha.
City Tour (saída 13h50, retorno ~19h): apesar do nome, apenas o Coricancha (Templo del Sol) / Convento de Santo Domingo é dentro da cidade, visitado no início do tour. O belo templo Inca que, depois da dominação espanhola, teve um convento construído sobre sua estrutura, não é controlado pelo COSITUC e por isso a entrada deve ser paga à parte, S/. 10 por pessoa. As demais ruínas ficam ao longo de uma estrada ao Norte de Cusco, bem próximas à cidade, visitadas em sequência: a fortaleza cerimonial de Saqsayuaman (onde está a maior pedra usada em uma construção Inca), as cavernas de Q’enqo, Puca Pucara (Fortaleza Roja, um forte militar) e Tambomachay (Baños del Inca, local de descanso do chefe do Império Inca).
Maras e Moray (saída 8h45, retorno ~17h): na estrada que passa por Chinchero, o tour parou em uma pequena localidade onde rendeiras demonstram como fiar, tingir e tecer as tecelagens artesanais típicas do Peru, com lã de llama e alpaca. Há também uma pequena feira de produtos artesanais no local. Moray, incluída no Boleto, é uma ruína Inca de plantações em terrazas circulares em nível. As Salineras de Maras, mantidas por uma cooperativa privada, entrada paga à parte S/. 5 por pessoa, fica a 58 km noroeste de Cusco e tem mais de 3 mil tanques onde se produz até hoje sal artesanal à moda Inca, para uso em gastronomia, sais de banho etc.
Valle Sagrado (saída 8h45, retorno ~19h): o bufet de almoço na parada em Urubamba era opcional, mas optamos por comprar, por praticidade; a comida era razoável, e o bufet inclui pratos quentes, salada, chá e sobremesa, outras bebidas pagas à parte. Visita uma pequena feira turística e parte das enormes ruínas de Pisac, Ollantaytambo (na entrada das ruínas, há uma feira artesanal; algumas bolsas e mochilas estampadas só vimos lá) e, na volta, o distrito de Chinchero (há uma capela da época da dominação espanhola, algumas ruínas, além de uma feira e lojinhas de artesanato no caminho).
[photopress:cusco_valle_sagrado.jpg,full,centered](Imagem reproduzida de Tucano Perú.)
Zona Sur (saída 8h45, retorno ~15h): interessante mas pouco procurado pelos turistas, este passeio inclui Pikillacta, a única ruína pre Inca do Boleto, e Tipón, a bela ruína Inca de plantações (segundo nosso guia, plantas com finalidade medicinal), mais a Iglesia de San Pedro (Andahuaylillas), chamada a “Capela Sistina da América”, entrada à parte S/. 5 por pessoa, mas iniciou a restauração agora, de forma que retiraram a maioria das obras de arte e está cheia de andaimes.
Duas notas importantes sobre o tour do Valle Sagrado:
Os dias apropriados para ir são domingo, terça ou quinta-feira, quando o Mercado Indio de Pisac está funcionando. Mas o tour me decepcionou, pois parou em uma feira turística que era apenas um semicírculo de bancas de venda. O Mercado Indio de Pisac mesmo é uma grande feira artesanal com tendas no centro da cidade, onde o tour não foi.
Algumas pessoas preferem sair do tour em Ollantaytambo (sem a volta a Chinchero e Cusco), onde há uma estação de trem para Machu Picchu. Eu preferi tomar o trem em Cusco — na verdade, Poroy, a uns 40 minutos de carro de Cusco — para Machu Picchu, mas isso é tema para outro artigo.
Assim, em quatro dias de tours e um dia de passeio cultural por Cusco, você consegue completar todas as atrações do Boleto Turístico del Cusco. Com a validade de 10 dias, você ainda terá cinco dias para descansar, ter alguma folga no agendamento dos passeios turísticos, fazer compras, ou qualquer outra mudança de planos.
Para aproveitar a validade do Boleto Turístico ao máximo, recomendo comprá-lo na véspera, ou na própria manhã do primeiro dia de visitações, se for começar pelo City Tour (único tour que sai à tarde) ou pelos museus.
Vale ressaltar que, mesmo que você compre pacotes turísticos de transporte e guia em agências, é necessário comprar o Boleto Turístico oficial, direto do COSITUC.
Este artigo contempla informações turísticas gerais sobre a cidade de Cusco, no Peru. Os museus e ruínas eu abordo em outro artigo, Peru 2010 – Volta ao Cusco em um Boleto Turístico. Artigos da série:
Cusco é tida como a cidade habitada mais antiga de toda América. Desde seu estabelecimento como capital do Império Inca (meados do século XIII), até a dominação espanhola com o conquistador Francisco Pizarro em 1532, Cusco foi o mais importante centro administrativo e cultural inca. Abriga uma grande quantidade de monumentos e ruínas — o que confere à cidade o apelido de “Roma da América”.
Cusco hoje é uma das cidades mais populosas do Peru (perto de 500 mil habitantes), e cidade importante mais próxima do Santuário Histórico de Machu Picchu, a cerca de 130 quilômetros dali. Principal centro turístico atual no Peru, recebe mais de um milhão de visitantes por ano, oferecendo boa infraestrutura para o turista, desde hotéis de luxo até albergues para mochileiros.
Dia 2 – Chegada a Cusco
Quem chega por avião — principalmente vindo de Lima (o voo LIM-CUZ demora apenas 1h15min), que fica ao nível do mar — pode sentir algum mal estar inicial, pois Cusco é uma cidade muito alta, com 3400 metros altitude. Sintomas comuns podem ser dificuldade de respirar, cansaço maior que o normal, sensação de má digestão, enjoo ou até náusea. Com o tempo em geral o organismo se adapta, mas se houver necessidade, há atendimento médico no próprio aeroporto.
O Alejandro Velasco Astete International Airport (CUZ), aeroporto internacional de Cusco, fica bem próximo à região central da cidade. Basta uma corrida de pouco mais de 6 km (15 minutos) seguindo pela Via Expressa que passa ao norte do Aeroporto, se torna Avenida 28 de Julio San Martin e, ao final, se funde com a Avenida Sol, principal da cidade, que chega quase na Plaza De Armas, marco do centro histórico de Cusco.
Estrategicamente localizado, o hotel está na Calle Suecia n° 310, logo no início da ruela que sobe pela saída norte da Plaza de Armas. Por causa da pequena largura entre as pilastras do arco de acesso no Portal de Panes, quase não passam carros. Assim, é um local de pouco movimento a poucos passos da centralíssima e movimentada Plaza de Armas.
A estrutura, atendimento e serviços do hotel são muito bons. O único ponto de atenção é o barulho vizinho. Em frente e ao lado do hotel ficam duas boates (bares com música ao vivo) com som alto até altas horas da madrugada praticamente todos os dias. Quem quiser um quarto mais silencioso, deve pedir um ao fundo, onde de madrugada só chegará um restinho de som quase imperceptível. E o hotel fornece fones de ouvido. Para mim não foi problema; mas quem tem sono levíssimo pode não gostar.
Del Prado Inn não constava no Booking.com nem Hoteis.com. O site do hotel leva a reservas pela agência Go2Peru.com. Alguns (poucos) usuários reclamaram na internet situações em que a Go2Peru não confirmou a vaga reservada e só informou isso ao cliente na véspera. Contudo, a maioria dos comentários na internet sobre a Go2Peru eram favoráveis e indicavam bom atendimento on-line.
Como eu não tinha indicações pessoais e era minha primeira vez, preferi contatar diretamente o hotel por e-mail. Me retornaram com presteza e ofereceram diária de quarto duplo/casal (USD$ 79) poucos dólares mais cara que na Go2Peru (USD$ 75) e um link (site seguro Visa) para pagar a primeira diária adiantado, com cartão de crédito, como confirmação da reserva. A primeira tentativa deu erro (não autorizava), mas o hotel providenciou prontamente outro link (nova reserva, no mesmo site de pagamento) e aí funcionou.
Acho que valeu a pena, pois só paguei uma diária adiantado e, por esse preço e sem eu pedir nada, me deram no check-in uma suíte com jacuzzi (pela tabela, seria uns 30% a mais), mais ampla e com hidromassagem. Não sei se foi por reservarmos com o hotel, se gostaram da minha cara, se havia pouca ocupação de quartos na época, ou até se foi engano. Mas adorei!
Logo na chegada, um funcionário ofereceu chá de folhas de coca (fique sempre disponível no hall de entrada), orientando que ele ajuda contra o mal da altitude (soroche), tanto facilitando a respiração quanto a digestão. Também advertiu a, no primeiro dia, andar pouco e comer algo bem leve, como uma sopa ou creme, ou no máximo um filé de frango ou peixe grelhado.
Sábias orientações, que seguimos todas à risca.
O chá de folhas de coca é uma infusão onde se coloca um punhado de folhas de coca secas, água quente, e em uns dois minutos está pronto para beber. Há também a opção de saquinho industrializado de “té de mate de coca” (té é chá em castellano), ao invés das folhas in natura. Achei o chá de coca suave e mais gostoso que um mate, e revigorante.
Goste você ou não de chá, recomendo tomar té de coca uma ou mais vezes todos os dias. Eu fiz isso e felizmente não senti mal. No máximo, senti que a respiração realmente é um pouco mais difícil naquela altitude toda, principalmente se você não é nenhum atleta, e durante longas caminhadas e passeios. Mas vi muita gente se sentindo tonta ou reclamando que passou mal, então não bobeie.
Como chegamos no fim da tarde, apenas fizemos o check-in, demos um cochilo e, de noitinha, uma pequena volta de reconhecimento no entorno da Praça. Jantamos um filezinho de carne branca grelhada com arroz e legumes, e pronto.
O café da manhã do hotel é muito bom, não tão variado quanto do hotel em Lima, mas tinha de tudo um pouco. Gostaria de mais tipos de presunto e queijo, e, principalmente, cereal — sempre os mesmos flocos e grãos de quinua, cereal típico dos andes e rico em proteínas.
No dia em que ficamos fora em Machu Picchu, liberamos o quarto e deixamos as malas guardadas no porta bagagens do hotel (só levamos uma mochila). O bagageiro não tem custo e ficamos um dia fora sem pagar diária. Na volta, chegamos à noite e, para nossa felicidade, as malas já estavam repostas, na mesma suíte. Adorei a eficiência e comodidade.
Dica: No último dia, ao fechar o pagamento, valeu a pena pagar com dólares em espécie. Se pagássemos com cartão de crédito ou em notas de Soles, o hotel converteria o valor de dólares para soles pelo câmbio “arredondado” praticado no hotel (e outros estabelecimentos) de S/ 3,00 por dólar, enquanto o câmbio em um banco ou casa de câmbio era em torno de S/ 2,80. Ou seja, sairia mais caro pagar em soles. No caso de cartão de crédito, ainda haveria o câmbio da administradora na conversão de soles em dólar (todo pagamento em moedas estrangeiras é convertido primeiro em dólar) e, no caso de cartão brasileiro, outra conversão para real na fatura.
Turismo geral
Ao passear à procura de lojas, bares e restaurantes em Cusco, uma regra de ouro: Não subestime as portinhas, elas podem ser acesso a um corredor para uma grande galeria interna ou a uma escada para um amplo segundo pavimento. A maioria dos restaurantes na Plaza de Armas, por exemplo, está no segundo pavimento, onde em geral tem balcões com uma bela vista da praça e das ladeiras e morros no entorno. Da mesma forma, em diversas quadras no centro da cidade encontramos galerias de artesanato cujo acesso se dava por um pequeno corredor.
A maioria das edificações construídas depois do fim do Império inca é de influência espanhola com uma mistura de arquitetura inca. O site da Prefeitura oferece informações sobre Lugares turísticos.
Praças e igrejas
A referência central é a grande Plaza de Armas, em sua enorme forma retangular, com jardins recortados por passeios com bancos, tendo ao centro uma fonte, sempre movimentada e com vasto e variado comércio à volta dos quatro lados.
À direita na face nordeste da Plaza de Armas está a Catedral, que tem missas abertas ao público todos os dias das 6h às 9h da manhã, mas a visitação turística a partir desse horário tem entrada paga. Ainda há outra igreja na face sudeste da Praça.
Subindo à direita da Catedral (Portal Belen) e seguindo 3 quadras pelas rua Triunfo e Hatum Rumiyoc, chega-se à igreja de San Blas. No caminho pela Calle Hatum Rumiyoc, à direita de quem sobre, está um muro inca com a grande Pedra dos Doze Ângulos, mostra do detalhismo da arquitetura inca para o encaixe perfeito às pedras ao redor. É proibido tocar na pedra, considerada sagrada, para evitar o desgaste e depredação. E à direita da igreja San Blas — pela rua Carmen Bajo — há uma praça simpática na quadra seguinte.
[ … igreja Sao Francisco … ]
Encontra-se por toda cidade casas de câmbio (cabine de vidro dentro de lojinhas), bancos e caixas eletrônicos para saque internacional (em dólar ou sol). Só nas duas primeiras quadras da Avenida Sol a partir da Plaza de Armas, por exemplo, você já encontrará muitas opções suficientes para uma rápida pesquisa de câmbio.
Nem todos os estabelecimentos aceitam cartões de crédito, então é bom perguntar antes de consumir. Artesãos e comerciantes podem aceitar dólar, euro ou real diretamente, mas em geral a conversão de câmbio será ruim. Nas barganhas e pechinchas, achei mais prático e efetivo negociar e pagar em soles. Mais dicas sobre dinheiro no primeiro artigo da série.
Cusco tem muitos restaurantes, lanchonetes, bares e cafés. A maioria dos restaurantes oferece uma ou mais opções de menu turístico com preço em conta (em torno de S/. 10 a 25), em geral com entrada (salada, sopa ou creme), prato principal — tipicamente filé de frango ou truta grelhado com um acompanhamento, como arroz ou purê de batatas — e uma bebida — limonada, taça de vinho ou pisco sour — inclusos.
Como no centro turístico há muitos restaurantes próximos entre si, principalmente na Plaza de Armas e ruas adjacentes, os garçons e “promoters” apelam: com cardápio ou folder em mãos, abordam os passantes diretamente na rua, nas proximidades do restaurante, para angariar clientes. Esse assédio incomoda e às vezes temos que ser ríspidos com os mais insistentes e chatos.
Yajúú! (Portal Confituria nº 249, Plaza de Armas, e outros endereços) sucos naturais e sanduíches.
Pizzeria Chez Maggi (vários endereços), pizzas bem gostosas e pan al ajo (pão de alho) de cortesia.
El Mesón, premiado restaurante com buffet de salada livre na compra de pizzas ou pratos, como as vistosas parrilhadas (chapa de carnes), boa comida e uma bela vista da Plaza de Armas, protegida do tempo pelo terraço fechado envidraçado (o ruim do ambiente fechado é que a roupa sai com cheiro de gordura).
La Bondiet (Calle Plateros nº 363) sobremesas e cafés.
Lanchonetes fast-food: Bembos (Plaza de Armas, na frente oposta à Catedral) e McDonalds (Plaza de Armas, Portal de Panes perto do hotel Del Prado); ambas tem mesas no térreo e terraço.
Compras
Artesanato: Há algumas galerias de artesanato na Plaza de Armas. Ao longo da Avenida Sol há várias, quase todas à direita de quem desce, terminando no grande Mercado de Artesanato à esquerda, logo após a fonte com monumento cusquenho. No entorno do centro da cidade há várias galerias (portinhas…).
Descendo a rua da Iglesia de San Pedro rumo à estação de trem San Pedro, chega-se ao pitoresco Mercado Central, onde se encontra desde carnes e frutas até artesanato e flores.
Pode-se comprar facilmente na cidade roupas e calçados apropriados para trilhas e caminhadas, há várias lojas especializadas no entorno do centro histórico. Eu consegui comprar por bom preço uma calça cargo levinha e confortável, cheia de bolsos e reversível para bermuda, e um belo tenis para trilha Alpinex em liquidação.
Farmácias vendem a maioria dos remédios sem receita, além de itens importantíssimo para caminhadas como repelente, protetor solar, hidratante.
Mercadinhos (lanches, bebidas, produtos de higiene etc.)
Night
[ … Casas noturnas: Mama Africa etc. … ]
Veja também:
Cusco Travel Guide – Virtual Tourist (em inglês): visão geral, hotéis, restaurantes, voos, transporte, coisas para fazer, barganhas, vida noturna, programas alternativos, armadilhas para turistas, perigos e cuidados, compras.
Fizemos uma viagem de dez dias pelo Peru, sendo um em Lima e nove em Cusco e redondezas. O passeio é um banho de cultura sobre os Incas, cujo Império existiu na América do Sul desde cerca de 1200 até à invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Inca Atahualpa em 1533. Além de história ao vivo com belas ruínas, você curte paisagens lindas e diversão.
No Peru, assim como outros países da América do Sul, a carteira de identidade padrão brasileira (aquela verde, emitida pelo Instituto de Identificação da Polícia Civil) é aceita tanto quanto o passaporte, desde que a emissão tenha sido há menos de 5 anos (principalmente por causa da foto recente). Mas atenção: carteira de habilitação (motorista) e identidades profissionais não são válidas em viagens internacionais. Se for utilizar o passaporte, é recomendável que ele seja válido pelo menos pelos próximos seis meses. Eu levei passaporte, para poder carimbar em Machu Picchu (o carimbo é apenas turístico, mas é legal para registrar que estive lá).
A moeda do Peru é o Novo Sol, cujo símbolo é “S/.” Quanto ao câmbio, 1 real estava valendo em torno de 1,6 soles e 1 dolar americano valendo perto de S/ 2,8. Uma forma rápida que usei para obter equivalência grosseira de valores em Soles foi a seguinte: divida por 3 o valor em soles e terá o valor aproximado em dólar; em seguida multiplique por 2 e terá em real. Por exemplo: 300 soles equivaliam aproximadamente a 100 dólares e a 200 reais.
O dólar americano é muito aceito em serviços turísticos, além de soles. Várias casas de câmbio também trocam euros e reais do Brasil por soles. Fora das casas de câmbio e serviços turísticos oficiais, muitas vezes se pratica um câmbio pior, por isso tenha cuidado. A taxa de conversão também varia de uma casa de câmbio para outra, por isso, pesquise e negocie valores. Algumas casas de câmbio também podem oferecer câmbio ligeiramente melhor para quem troca muitos dólares (digamos, mais de mil) de uma vez só, mas não creio que valha a pena.
Recomendo levar algum efetivo (cédulas de dinheiro) em dólar americano, e também trocar algum dinheiro em soles.
Quanto a cartões de crédito: Visa, MasterCard, American Express e Diners Club são aceitos em muitos lugares, mas alguns estabelecimentos comerciais e turísticos e a maioria dos pequenos comerciantes (principalmente artesãos) não aceita cartões de crédito, ou cobra adicional para essa forma de pagamento. Além disso, lembre-se que o uso de cartão de crédito brasileiro em moeda estrangeira tem duas desvantagens: o câmbio praticado pelas administradoras costuma ser um pouco pior e há imposto IOF em torno de 2% adicionais.
Uma dica válida como alternativa a dinheiro vivo e traveler checks (cheques de viagem) são os cartões de crédito “pré pagos” em moeda estrangeira, que praticam câmbio razoável de conversão para outras moedas e não cobra tarifas para pagamentos, apenas para saques (em geral, US$ 2,50 por saque). Seja nas funções débito ou crédito, ele funciona igual, a cada uso debita imediatamente do saldo existente, previamente creditado. Um deles é o Visa Travel Money (VTM), que pode ser emitido e creditado em dólar (ou euro) em diversas casas de câmbio do Brasil. Eu possuo o VTM Cash Passport, emitido numa agência Fitta Cambio. O meu modelo de cartão VTM não tem nome e nem chip; é utilizado pela tarja magnética e mediante assinatura manuscrita. No Peru não tive problema com esse cartão, mas no Chile e nos Estados Unidos, alguns locais recusaram pela ausência de nome e chip.
Não obtive informações seguras nos sites nem do governo Brasileiro nem do Peruano sobre vacinas obrigatórias ou recomendadas. O fato é que nada nos foi solicitado a esse respeito na entrada ou saída dos dois países. Contudo, por via das dúvidas atualizamos a vacina contra febre amarela, que deve mesmo ser renovada a cada 10 anos, em qualquer posto de vacinação ou saúde no Brasil. A vacina demora em torno de dez dias para surtir pleno efeito, por isso, se for tomar, o faça com essa antecedência mínima da viagem. Posso dizer que, principalmente em Machu Picchu, há muitos mosquitos e eles picam muito, mas não soube nada sobre focos de doença por lá.
Principalmente em Cusco e redondezas, a grande altitude, superior a 3 mil metros, pode causar o mal da altitude ou soroche, com sintomas como enjoo, tontura, má digestão, sensação de cansaço, falta de ar, dor de cabeça e outros. Informe-se a esse respeito com um médico, principalmente se você tem algum fator complicador respiratório ou já apresentou problemas com altitude antes. Eu felizmente só senti que a respiração é realmente um pouco mais difícil mesmo, mas soube de muita gente que se sentiu mal. Darei mais dicas quando falar da chegada em Cusco.
Dia 1 – Lima
Adquiri as passagens Belo Horizonte – Cusco – Belo Horizonte com milhas aéreas da TAM. Trechos na América do Sul consumiram apenas 10 mil milhas, o mesmo valor padrão de trechos domésticos no Brasil. Mas as tarifas de embarque estão cada vez mais caras…
O peso máximo de bagagens despachadas por pessoa, pela TAM, foi 23 kg.
Há voos TAM direto de São Paulo (GRU) a Lima (JJ 8066). De Lima para Cusco, é pela LAN Peru (LP), parceira TAM. Consegui um trecho de ida CNF – GRU – LIM – CUZ, porém ficando em torno de 24 horas em Lima, porque foi mais difícil conseguir a perna relativa à LAN (LIM – CUZ). Por isso, acabei passando uma noite hospedado em Lima.
Lima é a capital do Peru. Fica à beira mar. O bairro considerado mais charmoso de Lima é Miraflores. Por isso escolhi me hospedar uma noite lá.
O Aeroporto Internacional Jorge Chavez (LIM) fica bem localizado na cidade. O serviço de imigração na entrada foi rápido e tranquilo, com muitos guichês.
Logo no hall de saída do aeroporto, há serviço de táxi regular e uma corrida para a maioria dos lugares da cidade deve custar em torno de 15 a 20 dólares americanos, ou 40 a 60 soles. Dica importante: Sempre negocie e fixe o preço da corrida de táxi antes de entrar no carro.
Pagamos 20 dólares para um táxi até o hotel em Miraflores. O trânsito em Lima é um pouco confuso e lá, assim como em Cusco, os motoristas buzinam demais!
Nos hospedamos no hotel Hotel Miraflores Lodge (Calle Colón, 230, Miraflores, Lima, Peru). Passamos uma dúvida inicial ao chegar, porque não tem o nome do hotel na fachada (apenas da agência de turismo anexa ao lado) e a portaria, com cara de residência, fica fechada.
Mas bastou apertar o interfone para sermos muito bem recebidos por um senhor que parece o gerente (dono?) e os poucos mas muito gentis e atenciosos funcionários. Ao entrar, nos deparamos com um ótimo hotel, aconchegante, com boa acomodação e um café da manhã excelente, com muita variedade. Recomendo.
Miraflores é realmente um bairro muito bonito e gostoso. A localização do hotel é muito boa, no centro do bairro. Passeando a pé rumo Norte pela Avenida Larco, logo de início encontramos um Posto de Informação Turística de Miraflores onde pegamos um mapa da região e guia de eventos.
Subindo uma quadra, há o pequeno restaurante Cafeteria Luigis (Av. Larco 626, Miraflores), onde depois voltamos para almoçar. Lá fomos atendidos pelo simpático garçom de meia-idade Angel; ele nos indicou uma gostosa entrada de pães com mussarela derretida (S/ 8,30), tomamos uma cerveja Cusqueña (leve, bem parecida com as brasileiras, S/ 6,90 cada) e comemos ela um Ceviche (peixe cozido no limão, prato típico do Peru, S/ 24) com mariscos (os mariscos ficaram meio enjoativos, teria sido melhor o tradicional mesmo) e eu um frango Luigis (S/ 22,60). A gorjeta não vem na conta e é opcional, mas é de bom grado você acrescentar 10% a 15% de gorjeta (propina, em castellano) se gostar do serviço. Como sobremesa, comemos churros no Manolo ao lado (Av. Larco 608), S/ 3 cada.
Mais uma quadra e se chega à grande rotatória encontro de avenidas. Ali, a Larco muda de nome e acima da praça se chama Arequipa. À nossa esquerda se estende o pequeno parque Siete de Junio, com jardins muito bem cuidados e uma fonte na entrada, ao lado do qual havia alguns artesãos vendendo quadros, uma cabine de informação turística e a igreja da Virgem Milagrosa. Nesse parque todos os dias tem uma feirinha de artesanato e antiguidades, das 18h às 22h.
No entorno do parque, vários restaurantes, um Locutório (cabine telefônica e acesso internet) — de onde ligamos para o Brasil por S/ 0,50 por minuto — um McDonalds Cafe e, na Avenida Jose Prado 140, ao lado da grande loja de departamentos Falabella, a casa de câmbio Inversiones Finserva (estava aberta no domingo) onde trocamos nossos primeiros dólares por soles.
Subindo a Avenida Arequipa e virando à esquerda se chega a Huaca Pucllana, uma colina artificial pré-inca de argila, que tem um pequeno museu e loja de artesanato, mas chegamos lá bem às 17h, horário de fechamento (terça a domingo, 10h-17h).
Voltamos pela avenida Arequipa-Larco até o largo que dá para o mar, tomando um dos muitos minibus (praticamente uma van) em geral lotados (há desde os bem velhos e caquéticos até os mais novinhos) que passam a toda hora, zunindo de rápidos. Em cada parada, o trocador do ônibus desce à porta e fica gritando para angariar passageiros e apressar os que descem. Custou S/ 1,60 por pessoa.
No final da Avenida Larco, chega-se ao bonito e colorido shopping Larco Mar, que fica abaixo do nível da avenida, e tem uma praça com fontes e monumentos na entrada. Situado em uma encosta entre o largo e o mar (daí o nome), o shopping é aberto, colorido e agradável, com vários estabelecimentos de comércio e alimentação. De lá se tem uma bela vista do mar.
Depois da noite de descanso no hotel e um riquíssimo café da manhã (desayuno, em castellano), check out. O hotel aceitou pagamento em cartão de crédito (tarjeta de credito). De Miraflores ao aeroporto, toma-se uns 40 minutos, de taxi.
As filas de embarque (check in, tarifa, segurança, imigração), como em todo aeroporto movimentado, são grandes, por isso chegue com 1h30 a 2h de antecedência (3h, se for fazer voo internacional, passando também pela fila da imigração).
Tivemos uma surpresa: Para embarcar em qualquer voo, tanto em Lima quanto em Cusco (é provável que seja em qualquer aeroporto no Peru), tem que se pagar uma Tarifa Aeroportuária antes. Em Lima, a fila para pagamento e os guichês ficam espremidos em um canto antes da entrada para a área de segurança e embarque. De Lima para Cusco (voo nacional), foi US$ 6,82 por pessoa. De Cusco para Lima foi US$ 4,28 por pessoa, e de Lima para São Paulo (internacional) foram absurdos US$31 por cabeça. Estes valores também podem ser pagos em soles, claro. Ou seja, reserve esse dinheiro para embarcar em cada aeroporto.
É isso. Nos próximos artigos, iniciaremos o relato de Cusco e redondezas, inclusive Machu Picchu.