Comparativo de geradores PDF via imprimir

Fiz hoje uma pequena atualização do meu artigo PDF Livre com (ou sem) o Ghostscript, chegando à revisão número 12.

Depois de um “longo e tenebroso inverno” de mais de dois anos sem atualizações desde a versão 2.7 de 23/07/2007, o CutePDF Wirter foi atualizado em 26/08/2009, incorporando suporte ao Windows 7 em 32 e 64 bits. Em compensação, seu instalador saltou de modestos 1,54MB na versão 2.7 para 3,36MB na versão 2.8, mais do dobro do tamanho anterior.

Por falar em bits, como aos poucos aumenta a base instalada de Windows 64 bits, não só na versão Server mas também nos clientes Vista e Windows 7, incluí na tabela comparativa dos utilitários de geração de PDF por impressão a linha “Windows 32 e 64 bits” no quesito Compatibilidade. Só não pude conferir ainda se o PDF Creator garante suporte a Windows 64 bits, mas todos os demais utilitários suportam.

Artigo sobre PDF atualizado

[Atualização em 12/08/2009: do PDF 6.3.308.]

Meu artigo PDF Livre com (ou sem) o Ghostscript teve sua 11ª revisão no último dia 6.

As novidades desta revisão são:

  • Acrescentado PrimoPDF ao quadro comparativo. Antes era só citado em outras opções. Falta incluir imagens ilustrativas.
  • Atualizados quadro comparativo e imagens ilustrativas para refletir as novas versões de doPDF, Bullzip PDF Printer, FreePDF e PDF Creator.
  • doPDF versão 6.3 permite escolher se o visualizador de PDF abrirá após a criação do PDF; antes sempre abria.
  • Bullzip PDF Printer agora provê suporte ao formato PDF/A-1 para arquivamento digital, em caráter experimental.
  • FreePDF retirou o “XP” do seu nome na versão 4, pois isto causava dúvidas nos usuários quanto a compatibilidade com Windows Vista.
  • Incluído tópico citando os recursos nativos de exportação e importação de PDF do OpenOffice/BrOffice.org, como alternativa ao uso das impressoras PDF quando trabalhando com documentos de escritório (texto, planilha, apresentação, desenho).
  • Desde a versão 3.07 de maio de 2005 o FreePDF inclui tradução para o Português (Brasil). Por isso, foi removido o já defasado tópico com o download da minha tradução para as versões 1.1 a 3.05 do FreePDF.

Espero que o artigo esteja, além de atualizado, ainda mais útil e abrangente agora.

Vi que já está disponível uma nova versão do GPL Ghostcript GPL 8.70, lançada em 1º de agosto. Ainda não tive oportunidade de testar esta nova versão com os programas de impressora PDF. Além do mais, os sites dos utilitários ainda recomendam a versão 8.64 e nem sequer está disponível no SourceForge as notas de lançamento dessa versão 8.70. Fica para uma futura revisão do artigo.

Fusões de gigantes também no mercado de ECM

Não é só no mercado de infra e middleware que os líderes estão uns comprando os outros. No segmento de Gerenciamento de Conteúdo Corporativo (Enterprise Content Management – ECM), a canadense Open Text acaba de comprar a Vignette. Ambas empresas estão entre as principais no mercado de ECM, sendo que a Open Text é considerada por institutos de pesquisa uma das cinco líderes do setor, ao lado de EMC, IBM, Oracle e Microsoft.

Dentre as líderes, a Open Text é a única empresa exclusivamente focada em ECM; as outras atuam em diversos segmentos. Já a Vignette é especializada em conteúdo e mídia digital para web e Internet, ou seja, o segmento de ECM específico de Gerenciamento de Conteúdo Web (Web Content Management – WCM) e Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo (Content Management Systems – CMS).

Open Text compra Vignette por US$ 310 milhões, por IT Web, 2009-05-08.

Press release por Open Text (Waterloo, Ontario, Canadá) e Vignette (Austin, Texas, EUA): Open Text to Acquire Vignette (idem na Vignette), 2009-05-06.

Veja a evolução do Quadrante Mágico do Gartner, do Forrester Wave e do Datamonitor Decision Matrix para o mercado de ECM nos últimos anos:

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Fonte: Gartner, Quadrante Mágico para Enterprise Content Management, 2008; 2008-09-23; por Karen M. Shegda, Toby Bell, Kenneth Chin, Mark R. Gilbert, Mick MacComascaigh; reproduzido por Microsoft; também por EMC, por Oracle e por Day Software.

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Fonte: Gartner, Quadrante Mágico para Enterprise Content Management, 2007 [PDF]; 2007-09-21; por Karen M. Shegda, Toby Bell, Kenneth Chin, Mark R. Gilbert; reproduzido por IBM.

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Fonte: Forrester, The Forrester Wave™: Enterprise Content Management Suites, Q4 2007 [PDF]; 2007-11-09; por Kyle McNabb, para Information & Knowledge Management Professionals; reproduzido por Oracle.

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Fonte: Datamonitor, Decision Matrix: Selecting an Enterprise Content Management Vendor (Competitor Focus) [PDF]; dezembro 2006; reproduzido por EMC Corporation em ECM Connection.

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Fonte: Gartner, Magic Quadrant for Enterprise Content Management, 2006; 2006-10-11; por Karen M. Shegda, Kenneth Chin, Mark R. Gilbert, Debra Logan, Toby Bell, Lou Latham.

Empresas e produtos considerados líderes:

Desafiantes:

  • Autonomy Interwoven (aquisição em janeiro 2009) – também focada em ambiente web/internet, assim como a Vignette.
  • Hyland Software – OnBase – solução de GEC/ECM muito amigável.
  • Xerox – DocuShare.
  • Alfresco – Alfresco Enterprise – software de código aberto criado por dissidentes da Documentum.

CMS Watch – Mapa de Fornecedores ECM, em estilo “mapa de metrô”:

CMS Watch - ECM Subway Vendor Map

Para saber mais:

A internet multimídia

Desde a popularização do YouTube, a internet entrou massivamente na multimídia. Hoje em dia, até orgãos governamentais brasileiros “moderninhos” como a Embrapa tem sua Videoteca Digital.

Mas crescem os repositórios gerais de mídia de todo o tipo na Internet. E por causa disso, resolvi listar alguns interessantes aqui.

Vídeo

Imagens e Fotos

Áudio

  • Sonora – Terra [Brasil], player em Flash ou Microsoft Silverlight, sem possibilidade de download
  • GoEar, player embutido (Flash), sem possibilidade de download

Documentos Textuais

  • Scribd, visualizador próprio (iPaper Viewer) embutido (Flash), com capacidade de baixar (salvar arquivo local) como PDF e TXT
  • Google Docs [em português], serviço gratuito de aplicativos de escritório on-line e hospedagem de documentos, requer registro (Google) gratuito, oferece a possibilidade de seus usuários compartilharem/disponibilizarem documentos, inclusive textos

Apresentações

  • SlideShare [em português], com opção de baixar (download) em PDF (requer cadastro gratuito)
  • Google Docs – Presentation [em português], serviço gratuito de aplicativos de escritório on-line e hospedagem de documentos, requer registro (Google) gratuito, oferece a possibilidade de seus usuários compartilharem documentos, inclusive apresentações

Mapas

Certamente tem muito mais coisa. Inclusive, gostaria de saber as sugestões dos leitores do blog. O que mais tem de bom em mídia na internet que não estou sabendo (ou pelo menos não listando aqui)?

Tutorial geração de PDF evoluído

Meu artigo com um tutorial sobre instalar uma “impressora virtual” para gerar arquivos PDF, a partir de qualquer programa capaz de imprimir no Windows, foi bastante revisado e ampliado. É uma verdadeira evolução do artigo, que é uma das páginas mais populares de meu site.

Na atual revisão, foi incluída uma importante seção nova, “Alternativas comparadas”, resultado de minha avaliação de cinco ferramentas gratuitas para gerar PDF, disponíveis na Internet.

Minha preferência continua sendo pelo FreePDF XP, que é tomado como base no restante do tutorial. Mas o quadro resumo comparativo e a galeria de imagens apresentados devem prover subsídios para que pessoas com diferentes preferências e requisitos possam escolher a solução que melhor lhes adequa.

Além disso, o artigo foi atualizado para refletir as versões mais recentes de Ghostscript e FreePDF XP disponíveis.

Não deixe de conferir o trabalho resultante, em:

E, por favor, poste aqui seu comentário sobre a comparação das ferramentas!…

Nem Microsoft consegue implementar todo OOXML

A Microsoft criou o padrão OOXML para concorrer com o OpenDocument Format (ODF), surgido do OpenOffice.org e que rapidamente se tornou um padrão aberto internacional para documentos, desenvolvido pelo OASIS Group e ratificado pela norma ISO/IEC 26300 em 2006.

O padrão OOXML original basicamente refletia o formato de arquivos do Microsoft Office 2007. Em uma estratégia de poder corporativista, a Microsoft conseguiu padronizar o OOXML pela ECMA Internacional. Em seguida, submeteu o padrão ECMA à ratificação rápida pela ISO, valendo-se do privilégio de aprovação “via expressa” (fast track) que a ECMA possui junto à ISO.

Mas mesmo na via expressa, o processo de padronização na ISO sofreu forte resistência, tendo sido inicialmente reprovado. Em nova tática de manipulação corporativista, a Microsoft conseguiu aumentar a participação simpatizante na ISO promovendo a introdução de representantes de países e membros poucos expressivos no grupo especialista da ISO.

Finalmente, em abril de 2008, o padrão OOXML foi aprovado como a norma ISO/IEC DIS 29500. Mas para isso o padrão original teve que sofrer uma série de adaptações em resposta aos questionamentos internacionais registrados por ocasião da primeira reprovação do padrão na ISO.

Contudo, com as modificações, nem mesmo o Microsoft Office 2007 tem suporte total ao padrão ISO 29500 do OOXML. Segundo a Microsoft, só o Office 14, ainda sem data prevista, terá o suporte ao formato OOXML atualizado para compatibilidade total com o padrão aprovado na ISO.

Enquanto isso, devido à grande pressão dos clientes, a Microsoft anunciou que já no primeiro semestre de 2009 o Microsoft Office 2007 Service Pack 2 (SP2) introduzirá suporte ao formato ODF versão 1.1. Veja mais no artigo OOXML backwards compatibility led Microsoft to ODF, por Tom Espiner, 2008-05-22, para a ZDNet UK.

Ou seja, nem a própria Microsoft tem todo o OOXML implementado, e oferecerá no Microsoft Office suporte ao formato ODF antes de ter implementado todo o padrão OOXML conforme aprovado na ISO. Coisas de Microsoft…

Para saber mais:

Padrão ISO/IEC 26300:2006 de ODF em português

Lendo o artigo ODF em 2008 (2007-12-14) no blog de Cezar Taurion, Gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil, fiquei sabendo que o padrão ISO/IEC 26300:2006 — que normatiza o OpenDocument Format (ODF) — foi recentemente traduzido para o português pela ABNT.

O trabalho foi liderado por Jomar Silva, Coordenador do GT2 da Comissão de Estudo CE-21:034.00 ABNT e Diretor da ODF Alliance no Brasil.

Tanto o documento do padrão ISO/IEC 26300:2006 original em inglês quanto a tradução para português estão livremente disponíveis para baixar:

OpenDocument Format (ODF) é o formato aberto de documentos de escritório (texto, planilha, apresentação), utilizado por pacotes de escritório software livre como OpenOffice.org e IBM Symphony, padronizado pela OASIS e que se tornou um padrão internacional ISO em 2006.

A leitura do artigo de Cezar Taurion é interessante. Recomendo também meus posts OOXML não aprovado como padrão ISO e Microsoft Office “Open” XML, que dão uma visão geral do debate entre ODF e a tentativa (frustrada até agora) da Microsoft em tornar o formato OOXML do Microsoft Office 2007 também um padrão ISO.

OOXML não aprovado como padrão ISO

[Atualização: Em abril de 2008, o padrão OOXML conseguiu ser aprovado como a norma ISO/IEC DIS 29500. Veja o artigo Nem Microsoft consegue implementar todo OOXML.]

O conjunto de formatos de documento Office Open XML (OOXML), oriundo dos formatos do Microsoft Office 2007 padronizados pela ECMA International, não foi aceito como padrão ISO na votação que se encerrou domingo, dia 2 de setembro. A decisão final ocorrerá em Genebra, de 25 a 29 de fevereiro de 2008.

O processo de votação durou nove meses e foi aberto a 104 países membros da ISO/IEC, que avalia o padrão ECMA-376 como a proposta ISO/IEC DIS 29500, Office Open XML file formats, no subcomitê técnico JTC1 / SC34.

O subcomitê é composto por países membros, representados por seus órgãos nacionais de padronização, divididos entre países participantes (P) e observadores (O). Tem ainda conexão com os organismos internacionais ISUG, OASIS e W3C. O Brasil é membro participante (P), representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Uma aprovação na ISO/IEC requer que pelo menos 2/3 (i.e. 66,66%) dos votos emitidos por países participantes (P) do comitê sejam positivos; além disso, não pode haver mais que 1/4 (25%) do total de países votantes negativo. Computam-se apenas os votos válidos, não incluídas abstenções.

Nenhum destes critérios foi atingido na votação do DIS 29500, que teve 53,12% positivos nos votos válidos dos 41 participantes “P” (17 dos 32, com 9 abstenções) e 26,1% negativos totais (“P” + “O”), 18 dentre 69 válidos. Detalhes da votação podem ser conferidos em OOXML Perdeu, por Avi Alkalay, IBM Brasil, 2007-09-04; e Results of the OOXML Ballot of 2nd September (em inglês), por NoOOXML.

A secretaria da ISO decidiu levar a questão adiante até um Ballot Resolution Meeting (BRM – encontro de resolução de votação), para decisão final. De 25 a 29 de fevereiro do ano que vem, representantes nacionais vão se encontrar em Genebra, na Suíça, para discutir e realizar a votação final do OOXML.

Até lá, as especificações do OpenXML devem ser editadas e adaptadas para atender aos 63 comentários submetidos à ISO, por órgãos nacionais de padronização de países membros, durante o período de revisão.

Histórico

A Microsoft havia submetido o formato OOXML para padronização pela ECMA em novembro de 2005. Foi uma reação à padronização do formato aberto de documentos do OpenOffice.org Open Document (ODF) versão 1.0 pelo OASIS, em maio de 2005 e então aprovado como padrão internacional ISO/IEC 26300, em novembro de 2006.

A especificação OOXML, gigante nebuloso de mais de 6000 páginas, teve seu rascunho aprovado pela ECMA em novembro de 2006 e logo submetido à ISO/IEC, para avaliação como padrão internacional. O processo na ISO/IEC corre em caráter de “via expressa” (fast track), valendo-se de acordos existentes entre ECMA e ISO.

Em dezembro de 2006 a ECMA aprovou a especificação OOXML como o padrão ECMA-376. Já na ISO, a controversa proposta não teve aceitação tão fácil.

Durante os nove meses que se passaram desde então, o formato OOXML foi duramente criticado por especialistas e organizações em torno da comunidade de software livre mundial, tanto quanto às falhas e inconsistências no formato quanto à lisura do pretenso padrão, que de tão complexo e intrincado mostra não ser verdadeiramente aberto, de forma que só o Microsoft Office seria efetivamente capaz de implementá-lo.

Bastidores da votação

A ABNT votou “não com comentários” pelo Brasil. O voto brasileiro contra o OOXML é coerente com o país onde o governo, a diplomacia e grande parte da comunidade de desenvolvedores e usuários apóia e é engajada no software livre no Brasil e no mundo. Em contraposição, OOXML é um padrão proposto por um único fornecedor comercial e implementado por um único produto proprietário, o Microsoft Office.

As discussões no Grupo de Trabalho (GT2) da ABNT para o OOXML, em 21 e 22 de agosto, foram conturbadas e inconclusivas, conforme relatos do membro Avi Alkalay, IBM: Indefinição Marca Fim da Votação do OOXML na ABNT; Impressões Sobre Reunião Final da ABNT; e OOXML: Brazil Says NO. Foi consenso porém que não se queria abstenção de voto do Brasil e que todos concordavam com os 63 comentários recebidos na ISO para o OOXML. Assim, restavam as opções “sim com comentários” e “não com comentários”. Com a ponderação de que o “não” daria mais força aos comentários, decidiu-se finalmente pelo voto brasileiro “não com comentários”.

Sobre o GT2 da ABNT e sua decisão, veja também os artigos sobre OpenXML por Cezar Taurion, IBM; e a explicação sobre os resultados da votação na ISO por Eugenio Guilherme Tolstoy De Simone, atual diretor da ABNT, divulgada pelo blog Homembit em “Valeu ou não valeu?”, 2007-09-05.

BR-Linux.org divulgou em 30 de agosto que às vésperas do final do prazo, EUA e Suécia mudaram seus votos. Nos Estados Unidos, seu comitê representante INCITS teve dia 29/08 uma inesperada decisão de voto a favor depois que quatro membros — grupo GS1, Lexmark, National Institute of Standards and Technology (NIST) e o Departamento de Defesa (DoD) Americano — mudaram seus votos, anteriormente contrários. Veja o resultado completo da votação no INCITS.

Na Suécia a coisa foi ainda mais feia. A subsidiária sueca da IDG divulgou o conteúdo vazado de um memorando da Microsoft em que um empregado oferecia vantagens financeiras em troca de seus parceiros se juntarem ao Swedish Institute of Standards (SIS) para votar sim ao OOXML. A Microsoft confirmou a informação, mas disse que a oferta, tão logo descoberta, foi prontamente retirada e que os gerentes da Microsoft Suécia voluntariamente notificaram o SIS do fato.

Antes disso, já haviam ocorrido críticas ao lobby da Microsoft Portugal em favor do OOXML. Veja em Portugal: Balanço da votação da proposta de norma DIS 29500, vulgarmente conhecida por OOXML, por Redação PSL Brasil, 2007-08-06; e Microsoft Stuffs OOXML Ballot Box in Sweden? (em inglês), por Jeff Kaplan, 2007-08-27.

Apesar de tudo, a Microsoft divulgou o esperançoso press release Strong Global Support for Open XML as It Enters Final Phase of ISO Standards Process (em inglês) ontem. O otimismo e súbito interesse em padrões da Microsoft foi comentado com espanto no artigo Microsoft OOXML ballot stuffing comes up short (em inglês), por David Hunter, 2007-09-04.

Para saber mais:

Microsoft reclama do combate ao Office Open XML

No último dia 14 de fevereiro, a Microsoft publicou uma carta aberta reclamando da campanha global — liderada pela IBM, segundo a Microsoft — contra a ratificação do padrão ECMA-376 Office Open XML (OOXML) pelo ISO/IEC JTC1. Para quem ainda não ouviu falar do OOXML, sugiro ler meu artigo de 22 de janeiro.

Segundo a Microsoft, ela ouviu seus clientes que querem escolha, interoperabilidade e inovação. Assim, a empresa definiu o novo conjunto de formatos Office Open XML para refletir o rico conjunto de recursos do Office 2007 e ter compatibilidade retroativa com os bilhões de documentos existentes do Microsoft Office. Submeteu o OOXML à aprovação como padrão aberto pela Ecma International (aprovado em 7 de dezembro de 2006), agora levado à ratificação pela ISO/IEC, por interesse de seus clientes — especialmente clientes governamentais — que preferem cada vez mais padrões abertos.

No fundo, é uma briga de interesse comercial da Microsoft para defender a longevidade e aceitação das vendas de um dos produtos de software mais populares e rentáveis do mundo: seu Microsoft Office. Fica claro que o objetivo da padronização dos formatos do Office 2007 não é torná-los realmente abertos e populares, já que dificilmente algum outro fornecedor conseguirá seguir toda a complexidade do padrão OOXML com 6000 páginas e cheio de amarrações ao Windows e ao próprio MS Office. O objetivo é responder às demandas do mercado dizendo “sim, meu produto é baseado em um padrão aberto internacional”.

Enquanto isso, a equipe de desenvolvimento da Sun para o StarOffice e OpenOffice.org anunciou, no início de fevereiro, o StarOffice 8 Conversion, um plug-in para Microsoft Word que permite que usuários do Microsoft Word 2003 leiam, editem e salvem documentos no formato padrão OpenDocument Format (ODF). A versão preliminar Technology Preview do plug-in já pode ser baixada.

Para saber mais:

Microsoft Office "Open" XML

O formato para documentos de aplicações de escritório OpenDocument (ODF) — ou OASIS Open Document Format for Office Applications — é um padrão aberto desenvolvido pelo consórcio internacional OASIS de padrões da indústria. OpenDocument é baseado no formato XML originalmente criado pela OpenOffice.org. Foi aprovado como padrão OASIS em 1º de maio de 2005, e se tornou um Padrão Internacional oficialmente publicado pela ISO e IEC em 30 de novembro de 2006, recebendo a numeração ISO/IEC 26300:2006.

Em resposta a este padrão e ao próprio pacote de escritório livre e multi-plataforma OpenOffice.org, a Microsoft desenvolveu um novo formato de documentos Office Open XML (OOXML) para o Microsoft Office 2007. Em novembro de 2005, a empresa submeteu o formato OOXML à padronização pela ECMA International, no Comitê Técnico TC45 – Office Open XML Formats. O rascunho final do padrão OOXML foi aprovado em 9 de outubro de 2006 e foi também submetido à ISO/IEC para avaliação como padrão internacional, em caráter de “via expressa” (fast track) graças à interação e acordos entre ECMA e ISO/IEC.

Porém, a especificação de 6000 páginas do padrão proprietário da Microsoft OOXML, submetida à ISO/IEC, tem sido analisada por vários especialistas e contém várias falhas e pormenores controversos que dificultam a hipótese de este ser aprovado, como explica Andy Updegrove no blog ConsortiumInfo.org.

Organizações também se manifestam contra o processo insensato de padronização fast track na ISO/IEC, ante a uma especificação extensa, complexa, duvidosa e ainda seriamente perigosa para fortalecer o monopólio de um fornecedor comercial de aplicativos de escritório.

Exemplos de falhas sérias no padrão OOXML proposto pela Microsoft através da ECMA:

OOXML não obedece o padrão ISO 8601:2004 “Representação de Datas e Tempos”, replicando um bug da Microsoft que dita que 1900 é ano bissexto, quando de fato não é. Requer também uso da função de planilha WEEKDAY() que atribui dias da semana incorretos a algumas datas e calcula incorretamente o número de dias entre certas datas.

Também não segue o ISO 639 “Códigos para Representação de Nomes e Idiomas”, atribuindo uma lista fixa de códigos numéricos de idioma, ao invés de utilizar um conjunto existente mantido por uma Autoridade de Registro para prover interoperabilidade entre outros produtos aderentes ao padrão.

A proposta de padrão OOXML faz referência a diversos formatos proprietários da Microsoft, não documentados (ou parcialmente documentados) e dependentes do sistema operacional Windows, como: Windows Metafiles, Enhanced Metafiles (EMF) — ao invés de utilizar o formato padronizado e independente de plataforma ISO/IEC 8632 “Computer Graphics Metafile” –, OLE, macros/scripts, criptografia e DRM.

Certamente só uma implementação consegue seguir a especificação proposta para o OOXML: a da Microsoft. É o jeito Microsoft de ser “aberto”, tirando vantagem da grande predominância mundial do Microsoft Office e pregando “compatibilidade retroativa” com os documentos já existentes nos formatos anteriores de arquivos de seu pacote de escritório.

Para saber mais: