Fizemos uma viagem de dez dias pelo Peru, sendo um em Lima e nove em Cusco e redondezas. O passeio é um banho de cultura sobre os Incas, cujo Império existiu na América do Sul desde cerca de 1200 até à invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Inca Atahualpa em 1533. Além de história ao vivo com belas ruínas, você curte paisagens lindas e diversão.
Artigos da série:
- Peru 2010 – Lima. [este]
- Peru 2010 – Cusco.
- Peru 2010 – Volta ao Cusco em um Boleto Turístico.
- Peru 2010 – Machu Picchu.
Antes da viagem
No Peru, assim como outros países da América do Sul, a carteira de identidade padrão brasileira (aquela verde, emitida pelo Instituto de Identificação da Polícia Civil) é aceita tanto quanto o passaporte, desde que a emissão tenha sido há menos de 5 anos (principalmente por causa da foto recente). Mas atenção: carteira de habilitação (motorista) e identidades profissionais não são válidas em viagens internacionais. Se for utilizar o passaporte, é recomendável que ele seja válido pelo menos pelos próximos seis meses. Eu levei passaporte, para poder carimbar em Machu Picchu (o carimbo é apenas turístico, mas é legal para registrar que estive lá).
A moeda do Peru é o Novo Sol, cujo símbolo é “S/.” Quanto ao câmbio, 1 real estava valendo em torno de 1,6 soles e 1 dolar americano valendo perto de S/ 2,8. Uma forma rápida que usei para obter equivalência grosseira de valores em Soles foi a seguinte: divida por 3 o valor em soles e terá o valor aproximado em dólar; em seguida multiplique por 2 e terá em real. Por exemplo: 300 soles equivaliam aproximadamente a 100 dólares e a 200 reais.
O dólar americano é muito aceito em serviços turísticos, além de soles. Várias casas de câmbio também trocam euros e reais do Brasil por soles. Fora das casas de câmbio e serviços turísticos oficiais, muitas vezes se pratica um câmbio pior, por isso tenha cuidado. A taxa de conversão também varia de uma casa de câmbio para outra, por isso, pesquise e negocie valores. Algumas casas de câmbio também podem oferecer câmbio ligeiramente melhor para quem troca muitos dólares (digamos, mais de mil) de uma vez só, mas não creio que valha a pena.
Recomendo levar algum efetivo (cédulas de dinheiro) em dólar americano, e também trocar algum dinheiro em soles.
Quanto a cartões de crédito: Visa, MasterCard, American Express e Diners Club são aceitos em muitos lugares, mas alguns estabelecimentos comerciais e turísticos e a maioria dos pequenos comerciantes (principalmente artesãos) não aceita cartões de crédito, ou cobra adicional para essa forma de pagamento. Além disso, lembre-se que o uso de cartão de crédito brasileiro em moeda estrangeira tem duas desvantagens: o câmbio praticado pelas administradoras costuma ser um pouco pior e há imposto IOF em torno de 2% adicionais.
Uma dica válida como alternativa a dinheiro vivo e traveler checks (cheques de viagem) são os cartões de crédito “pré pagos” em moeda estrangeira, que praticam câmbio razoável de conversão para outras moedas e não cobra tarifas para pagamentos, apenas para saques (em geral, US$ 2,50 por saque). Seja nas funções débito ou crédito, ele funciona igual, a cada uso debita imediatamente do saldo existente, previamente creditado. Um deles é o Visa Travel Money (VTM), que pode ser emitido e creditado em dólar (ou euro) em diversas casas de câmbio do Brasil. Eu possuo o VTM Cash Passport, emitido numa agência Fitta Cambio. O meu modelo de cartão VTM não tem nome e nem chip; é utilizado pela tarja magnética e mediante assinatura manuscrita. No Peru não tive problema com esse cartão, mas no Chile e nos Estados Unidos, alguns locais recusaram pela ausência de nome e chip.
Não obtive informações seguras nos sites nem do governo Brasileiro nem do Peruano sobre vacinas obrigatórias ou recomendadas. O fato é que nada nos foi solicitado a esse respeito na entrada ou saída dos dois países. Contudo, por via das dúvidas atualizamos a vacina contra febre amarela, que deve mesmo ser renovada a cada 10 anos, em qualquer posto de vacinação ou saúde no Brasil. A vacina demora em torno de dez dias para surtir pleno efeito, por isso, se for tomar, o faça com essa antecedência mínima da viagem. Posso dizer que, principalmente em Machu Picchu, há muitos mosquitos e eles picam muito, mas não soube nada sobre focos de doença por lá.
Principalmente em Cusco e redondezas, a grande altitude, superior a 3 mil metros, pode causar o mal da altitude ou soroche, com sintomas como enjoo, tontura, má digestão, sensação de cansaço, falta de ar, dor de cabeça e outros. Informe-se a esse respeito com um médico, principalmente se você tem algum fator complicador respiratório ou já apresentou problemas com altitude antes. Eu felizmente só senti que a respiração é realmente um pouco mais difícil mesmo, mas soube de muita gente que se sentiu mal. Darei mais dicas quando falar da chegada em Cusco.
Dia 1 – Lima
Adquiri as passagens Belo Horizonte – Cusco – Belo Horizonte com milhas aéreas da TAM. Trechos na América do Sul consumiram apenas 10 mil milhas, o mesmo valor padrão de trechos domésticos no Brasil. Mas as tarifas de embarque estão cada vez mais caras…
O peso máximo de bagagens despachadas por pessoa, pela TAM, foi 23 kg.
Há voos TAM direto de São Paulo (GRU) a Lima (JJ 8066). De Lima para Cusco, é pela LAN Peru (LP), parceira TAM. Consegui um trecho de ida CNF – GRU – LIM – CUZ, porém ficando em torno de 24 horas em Lima, porque foi mais difícil conseguir a perna relativa à LAN (LIM – CUZ). Por isso, acabei passando uma noite hospedado em Lima.
Lima é a capital do Peru. Fica à beira mar. O bairro considerado mais charmoso de Lima é Miraflores. Por isso escolhi me hospedar uma noite lá.
O Aeroporto Internacional Jorge Chavez (LIM) fica bem localizado na cidade. O serviço de imigração na entrada foi rápido e tranquilo, com muitos guichês.
Logo no hall de saída do aeroporto, há serviço de táxi regular e uma corrida para a maioria dos lugares da cidade deve custar em torno de 15 a 20 dólares americanos, ou 40 a 60 soles. Dica importante: Sempre negocie e fixe o preço da corrida de táxi antes de entrar no carro.
Pagamos 20 dólares para um táxi até o hotel em Miraflores. O trânsito em Lima é um pouco confuso e lá, assim como em Cusco, os motoristas buzinam demais!
Nos hospedamos no hotel Hotel Miraflores Lodge (Calle Colón, 230, Miraflores, Lima, Peru). Passamos uma dúvida inicial ao chegar, porque não tem o nome do hotel na fachada (apenas da agência de turismo anexa ao lado) e a portaria, com cara de residência, fica fechada.
Mas bastou apertar o interfone para sermos muito bem recebidos por um senhor que parece o gerente (dono?) e os poucos mas muito gentis e atenciosos funcionários. Ao entrar, nos deparamos com um ótimo hotel, aconchegante, com boa acomodação e um café da manhã excelente, com muita variedade. Recomendo.
Miraflores é realmente um bairro muito bonito e gostoso. A localização do hotel é muito boa, no centro do bairro. Passeando a pé rumo Norte pela Avenida Larco, logo de início encontramos um Posto de Informação Turística de Miraflores onde pegamos um mapa da região e guia de eventos.
Subindo uma quadra, há o pequeno restaurante Cafeteria Luigis (Av. Larco 626, Miraflores), onde depois voltamos para almoçar. Lá fomos atendidos pelo simpático garçom de meia-idade Angel; ele nos indicou uma gostosa entrada de pães com mussarela derretida (S/ 8,30), tomamos uma cerveja Cusqueña (leve, bem parecida com as brasileiras, S/ 6,90 cada) e comemos ela um Ceviche (peixe cozido no limão, prato típico do Peru, S/ 24) com mariscos (os mariscos ficaram meio enjoativos, teria sido melhor o tradicional mesmo) e eu um frango Luigis (S/ 22,60). A gorjeta não vem na conta e é opcional, mas é de bom grado você acrescentar 10% a 15% de gorjeta (propina, em castellano) se gostar do serviço. Como sobremesa, comemos churros no Manolo ao lado (Av. Larco 608), S/ 3 cada.
Mais uma quadra e se chega à grande rotatória encontro de avenidas. Ali, a Larco muda de nome e acima da praça se chama Arequipa. À nossa esquerda se estende o pequeno parque Siete de Junio, com jardins muito bem cuidados e uma fonte na entrada, ao lado do qual havia alguns artesãos vendendo quadros, uma cabine de informação turística e a igreja da Virgem Milagrosa. Nesse parque todos os dias tem uma feirinha de artesanato e antiguidades, das 18h às 22h.
No entorno do parque, vários restaurantes, um Locutório (cabine telefônica e acesso internet) — de onde ligamos para o Brasil por S/ 0,50 por minuto — um McDonalds Cafe e, na Avenida Jose Prado 140, ao lado da grande loja de departamentos Falabella, a casa de câmbio Inversiones Finserva (estava aberta no domingo) onde trocamos nossos primeiros dólares por soles.
Subindo a Avenida Arequipa e virando à esquerda se chega a Huaca Pucllana, uma colina artificial pré-inca de argila, que tem um pequeno museu e loja de artesanato, mas chegamos lá bem às 17h, horário de fechamento (terça a domingo, 10h-17h).
Voltamos pela avenida Arequipa-Larco até o largo que dá para o mar, tomando um dos muitos minibus (praticamente uma van) em geral lotados (há desde os bem velhos e caquéticos até os mais novinhos) que passam a toda hora, zunindo de rápidos. Em cada parada, o trocador do ônibus desce à porta e fica gritando para angariar passageiros e apressar os que descem. Custou S/ 1,60 por pessoa.
No final da Avenida Larco, chega-se ao bonito e colorido shopping Larco Mar, que fica abaixo do nível da avenida, e tem uma praça com fontes e monumentos na entrada. Situado em uma encosta entre o largo e o mar (daí o nome), o shopping é aberto, colorido e agradável, com vários estabelecimentos de comércio e alimentação. De lá se tem uma bela vista do mar.
Depois da noite de descanso no hotel e um riquíssimo café da manhã (desayuno, em castellano), check out. O hotel aceitou pagamento em cartão de crédito (tarjeta de credito). De Miraflores ao aeroporto, toma-se uns 40 minutos, de taxi.
As filas de embarque (check in, tarifa, segurança, imigração), como em todo aeroporto movimentado, são grandes, por isso chegue com 1h30 a 2h de antecedência (3h, se for fazer voo internacional, passando também pela fila da imigração).
Tivemos uma surpresa: Para embarcar em qualquer voo, tanto em Lima quanto em Cusco (é provável que seja em qualquer aeroporto no Peru), tem que se pagar uma Tarifa Aeroportuária antes. Em Lima, a fila para pagamento e os guichês ficam espremidos em um canto antes da entrada para a área de segurança e embarque. De Lima para Cusco (voo nacional), foi US$ 6,82 por pessoa. De Cusco para Lima foi US$ 4,28 por pessoa, e de Lima para São Paulo (internacional) foram absurdos US$31 por cabeça. Estes valores também podem ser pagos em soles, claro. Ou seja, reserve esse dinheiro para embarcar em cada aeroporto.
É isso. Nos próximos artigos, iniciaremos o relato de Cusco e redondezas, inclusive Machu Picchu.
Para saber mais:
- Passo-a-passo a Lima e Machu Picchu, no ótimo blog da Lu Malheiros, por Ricardo Freire, 2009-05-24, no portal Viaje na Viagem; ele indica a série de artigos sobre Peru, Cusco e Machu Picchu no blog Dividindo a Bagagem de Lu Malheiros.
- GTB Peru e Bolívia, informações e dicas úteis no portal dos guias de viagem “Guia do Turista Brasileiro” (GTB).
* Créditos: As placas que ilustram o artigo foram extraídas do site sobre sinalização de trânsito, por Dionísio Codama & Coelho Aimoré.